Artigo escrito por Bruno Redivo, Consultor Miebach
Atualmente, a indústria farmacêutica está dando mais importância à sua cadeia de suprimentos do que no passado. Na América Latina, assim como na Europa, a maioria das empresas farmacêuticas vê o mercado latino-americano como uma só região, onde a fronteiras se fazem menos importantes, com exceção de legislações específicas, impostos e taxas por canais de distribuição.
Também, tanto no México como na América Latina, os interesses e visão da cadeia de suprimentos já estão alinhados com as tendências observadas na Europa e, portanto, também já se veem efeitos de aplicação dos mesmos modelos em ambas as regiões.
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Porém, sobretudo, estes conceitos aplicam-se ao mesmo tempo, enquanto que antes se observavam lacunas de 3 a 5 anos para que estes fossem aplicados em nossos países.
Atualmente, a indústria farmacêutica está mais alinhada a outras indústrias, como a de produtos de grande consumo e automobilística, que são tradicionalmente vanguardistas em inovações na cadeia de suprimentos.
A seguir, quatro práticas logísticas prioritárias para o setor de saúde.
1. Transição da cadeia de suprimentos e distribuição de nacional para regional
A maioria das companhias farmacêuticas já começou – inclusive completaram – a transição de uma cadeia de suprimentos e distribuição de nacional para regional. Esta iniciativa busca simplificar a rede, aumentar o controle, melhorar o nível de serviço e reduzir custos.
Dependendo da pegada regional e o tamanho de cada empresa farmacêutica, um projeto dessa magnitude deve ser realizado a cada cinco a sete anos. Em menor escala, auditorias de armazenamento e distribuição – que ainda são feitas em grande parte em nível nacional – provavelmente devem ser feitas mais regularmente. Mesmo para a seleção de fornecedor e transporte terceirizados, armazenagem e outras atividades de logística, recomenda-se realizar essas atividades a cada dois ou três anos.
2. Gestão eficiente de fornecedores e prestadores de serviço
Atividades como transporte, armazenamento externo, fabricação de contrato e outros são frequentemente terceirizadas. Dada a complexidade das regiões da América Latina e Europa, algumas empresas farmacêuticas têm 20, 30 ou mesmo mais prestadores de serviços para cobrir cada uma destas regiões (muitas vezes em nível nacional, especialmente na América Latina, embora possam compartilhar o mesmo fornecedor global em vários países, sempre operando localmente).
Para lidar com todos estes parceiros, ferramentas eficientes são necessárias. É essencial simplificar a cobrança de todos os dados relevantes (possível somente com o apoio de sistemas de TI), para dedicar mais tempo para análise e melhoria.
Caso ainda não estejam em operação, os devidos indicadores chave de desempenho KPI’s (Key Perfomance Indicators) devem ser analisados regularmente. Da mesma forma, auditorias destes devem ser realizadas periodicamente.
3. Automação do manuseio de materiais
Ao trabalhar em mais de um turno com manufatura e embalagem – algumas plantas trabalham atualmente em regime 24/5 ou até mesmo 24/7 por semana – a automatização se torna mais atraente para os fluxos e manuseio de materiais. Mesmo para buffers, pequenos armazéns e transporte de materiais podem ser facilmente automatizados. A chave para isso é conectar a automação logística com todas as outras áreas de trabalho, tais como amostragem, montagem de kits, expedição, transporte, paletização, etc. A melhoria da velocidade, segurança e eficiência é realmente impressionante.
Atualmente, existem muitas plantas na Europa e também na América Latina, especificamente no México, que já implementaram com sucesso essa automação. Outros ainda têm espaço para melhorias. Para avaliar o potencial para automatizar a logística e melhorar os processos de fabricação, um estudo de viabilidade é recomendado. Os projetos resultantes de otimização na fabricação e embalagem são complexos e exigem investimentos, que são muitas vezes são justificados com as consequentes melhorias.
Implementações bem sucedidas de automação de manuseio de materiais em áreas de fabricação e embalagem têm mostrado uma melhoria dramática na velocidade, segurança e eficiência da operação.
4. Preparar-se para a serialização e cumprimento das regulações da cadeia de frio
Iniciativas e projetos ao longo de toda a operação farmacêutica representam um trabalho muito complexo, tanto para a equipe executiva e operacional. A serialização já deveria estar em processo de implementação, de acordo com os tempos oficiais, por exemplo, securPharm na Alemanha. A regulação “anti-falsificação” ((UE) 2016/161 e 2011/62 / UE) foi liberada, com data de lançamento para 9 de fevereiro de 2019. As implicações na logística não dependem dos próprios regulamentos. Os regulamentos exigem um sistema de verificação “end-to-end”, que envolva diretamente apenas a produção e marketing de varejo. Mas, considerando o crescente interesse na visibilidade da cadeia de abastecimento (ou seja, rastreamento de pacotes, tratamento de devoluções, e amostragem aleatória), o acompanhamento de um identificador único pode representar um desafio futuro, especialmente para os sistemas logísticos de TI.
Cadeia de frio – Muitas empresas farmacêuticas têm apenas uma experiência limitada. Por que não aplicar as lições aprendidas com outras indústrias, tais como de alimentos ou de semi-condutores?
Implementar armazenagem a frio e, em seguida, monitorar o tempo de refrigeração TOR (time out of refrigeration) não é uma solução para o futuro. O esforço para monitorar, gravar e armazenar todos os dados de temperatura é importante. Vê-se hoje um regulamento ainda mais rigorosos em muitos aspectos e, certamente, no futuro próximo a cadeia de frio para a indústria farmacêutica (da mesma forma que na de alimentos refrigerados ou congelados) será obrigatória.