O presidente da AGEPOR concluiu o discurso que proferiu aquando da sua recente tomada de posse da seguinte forma:
“Há um êxito, que extravasa a AGEPOR mas que gostava de ver acontecer: o Projeto de Extensão da Plataforma Continental de Portugal. A sua aprovação nas Nações Unidas afirmará Portugal no mapa mundial das nações marítimas, além da História que nos confirma. Num tempo em que se esgota o conhecimento dos recursos em terra, interessa trabalhar para que o país possa participar, com voz ativa, no acréscimo da riqueza global gerada pela exploração de tudo o que existe no mar e zelar pelo futuro do planeta. Ganhar esta causa significará a entrega, às futuras gerações, de um Portugal maior”.
Em meu entender, não foi por acaso que o Sr. Dr. Rui d’Orey escolheu estas palavras finais para lançar um novo mandato à frente dos destinos da AGEPOR – Associação dos Agentes de Navegação. Fê-lo porque tem no seu ADN, de forma vincada, os genes do agente de navegação que, tal como a nós, lhe foram transmitidos, ao longo de gerações, por todos os que abraçaram esta profissão.
Mestres na cooperação e no estabelecimento de plataformas de entendimento com todos os interlocutores da cadeia logística, os agentes de navegação estão habituados, como poucos, a resolver quotidianamente o inesperado, encontrando soluções e vontades que, ainda que de forma muitas vezes invisível, permitem que navios e cargas cumpram as suas funções, concorrendo assim para o sucesso da economia.
Se no plano operacional, no dia a dia, os agentes de navegação, quais formigas, trabalham silenciosamente, sem necessidade de palco, para o pleno êxito das trocas comerciais marítimas, isso não significa que, noutro plano, a nível nacional e macro, a classe não tenha outro tipo de aspirações e não seja o paladino das causas maiores ligadas ao mar. Desde a sua existência e antevendo, não só a oportunidade, como sobretudo a janela de “necessidade” de Portugal se voltar a cumprir no mar, a AGEPOR tudo fez no sentido de reaproximar o país desse inigualável ativo, que a geografia tão generosamente nos concedeu, mas que a grandeza da epopeia dos Descobrimentos foi capaz de multiplicar para que as futuras gerações dele também possam beneficiar.
Nesse sentido, e apesar de já o ter feito, neste espaço, não resisto à tentação de voltar a enunciar os títulos de alguns dos congressos que a AGEPOR realizou, quando ainda pouco, muito poucos, por todo o país, falavam no mar:
2001 – “Fazer do Mar um Fator de Progresso”
2003 – “Um Mar de Oportunidades à espera de um Rumo Certo”
2005 – “ Mar um Multiplicador da Economia”
2010 – “AGEPOR 10 Anos a Promover o Mar”
2013 – “O Mar de Amanhã”
Como se constata foram anos de sensibilização e defesa de um ativo que, para nós agentes de navegação, sempre esteve à vista. Não resisto em transcrever parte da carta que a AGEPOR enviou ao Prof. Ernâni Lopes a agradecer a sua prestação no 4.º Congresso (Mar um Multiplicador da Economia):
“A sua comunicação além dos desafios que nos deixou, e que desde já nos comprometem, teve a virtude de, não só interessar todos os presentes, como também enriquecer aqueles, que de uma forma ou outra, têm a sua vida ligada ao setor marítimo-portuário. Os agentes de navegação procurarão não desiludir no futuro, e estar à altura das expetativas criadas, para que aquele “mais um”, dos clusters que apontou para o sucesso da economia portuguesa, seja uma realidade e sobretudo um verdadeiro multiplicador de riqueza”.
As palavras do discurso do presidente da AGEPOR nada mais foram que uma reconfirmação dos agentes de navegação para que contem sempre connosco e com o nosso empenho para ajudar a fazer Portugal maior, através do mar.
por António Belmar da Costa / intelog.net