Consciência verde na logística

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Consciência verde na logística

Raissa Milagres de Paula, engenheira e integrante do departamento de qualidade da Transcota – Logística e Transporte

Muito se discute nos dias de hoje quanto a importância da conscientização sobre políticas ambientais, que não só estimulem o desenvolvimento de atividades sustentáveis, como também fortaleçam o combate a práticas que promovam o uso inadequado de recursos naturais e causem prejuízos ao meio ambiente. A logística é um dos setores que mais geram impactos ao meio ambiente. Para mudar essa realidade, muitas empresas do segmento têm investido em transformações e novas visões que possibilitem o desenvolvimento sustentável.

Com a ascensão das práticas sustentáveis, vê-se, a todo instante o interesse de empresas em aprimorar os seus recursos verdes e incentivar atividades que possam reduzir e combater os seus impactos, o que engloba toda a sua cadeia de suprimentos. Desde a reutilização de materiais e utilização de insumos até a diminuição no consumo de água e energia, o que acaba gerando grandes benefícios ao ecossistema e reduzindo possíveis impactos.

Ainda convém lembrar, que os maiores impactos provenientes do setor logístico estão relacionados a equipamentos, veículos e toda a cadeia de suprimentos que engloba a utilização deste tipo de serviço. O segmento de transportes tem a capacidade de emitir mais CO2 do que os diversos ramos. No entanto, ele é um dos maiores propulsores da economia nacional e está envolvido em inúmeras atividades de grande importância para a sociedade como um todo.
Todos estes fatores fazem com que a prevenção de seus impactos se torne muito complexa. Em consequência disso, nota-se o quanto é relevante que as empresas e organizações do setor adotem as práticas de logística verde para impulsionar o seu desenvolvimento. Além disso, a preocupação com o meio ambiente tende a atrair mais consumidores, ou seja, ao valorizar práticas sustentáveis, as empresas se tornam mais atrativas e admiráveis.

Em virtude dos fatos mencionados, grandes empresas estão desenvolvendo novas formas de combater os impactos de suas atividades, equilibrando e transformando o setor econômico com o ecológico. Algumas das principais práticas da logística verde envolve a realização da medição da pegada de carbono das operações da cadeia logística, a redução da poluição do ar, água e solo, a adoção do uso racional dos recursos e a aplicação da sustentabilidade nos processos dos produtos para minimizar o seu impacto ambiental.

De acordo com o pesquisador Rosinei Batista Ribeiro, o gerenciamento da cadeia de suprimentos verde é uma dessas iniciativas que tem se destacado e contribuído de forma relevante para tal desenvolvimento, já que tem o objetivo de promover a conciliação entre meio ambiente e a cadeia de suprimentos.

Pode-se mencionar, por exemplo, algumas ações de empresas que já estão se alinhando no mercado com práticas de consciência verde, como a Ambev que optou pela renovação de sua frota de caminhões – empregando veículos que consomem menos óleo diesel e emitem menos CO2 – e também optou por um alto investimento em tecnologia para acompanhar o monitoramento da frota. E também a nossa transportadora, que investe intensamente em inovações tecnológicas e práticas que ajudem a reduzir a emissão de CO2, como por exemplo, a utilização de veículos elétricos no transporte de cargas.

Contudo, práticas como estas, proporcionam as empresas uma alta valorização de suas diretrizes e demais preocupações em atuar no mercado atual. Estes fatores acabam contribuindo para que as mesmas se tornem mais preparadas para se adaptar a futuras mudanças nas leis de sustentabilidade. Tais atividades agregam valor e representam uma vantagem competitiva diante de um mercado inovador.

A utilização da logística verde pode aprimorar os ganhos e ajudar para que empresas do setor consigam recuperar o valor de seus produtos e adequar a sua cadeia logística ao mercado atual. Atualmente, a logística se posiciona de forma pioneira no desenvolvimento da política das três medidas principais da ecologia, as intituladas “3Rs” – reduzir, reutilizar e reciclar. Tais medidas visam diminuir a produção de lixo e incentivar a colaboração das empresas por meio do manejo sustentável de seus produtos e serviços.

A logística verde então se tornou um novo parâmetro de pensamento para a consciência verde, promovendo o alinhamento de suas atividades para se adequar ao meio ambiente. Dessa forma, consegue minimizar perdas e majorar os ganhos gerados a partir da adoção de práticas sustentáveis.

Segundo Martin Murray, a tendência para o desenvolvimento de uma cadeia de suprimentos verde agora está ganhando popularidade, mas a maioria das empresas ainda está chegando a um consenso de como isto pode ser alcançado e por onde se deve começar. Durante anos, as empresas têm se concentrado em melhorar a visibilidade da cadeia de abastecimento, a eficiência e a minimização de custos. Apesar de o foco estar caminhando para uma cadeia de suprimentos verde, as metas de eficiência, visibilidade e redução de custos não devem ser descartadas.

Muitas empresas já aderiram a logística reversa. Hoje, ela já se encontra em uma posição de grande sucesso e é a melhor maneira de identificar o quanto a reutilização dos seus serviços e produtos foram benéficos para o crescimento da empresa.

Outras empresas que já aderiram as práticas da logística reversa são o Mcdonalds – que reutiliza todo o óleo usado na preparação de seus alimentos – e a Natura, que incentiva a coleta, reaproveitamento e reciclagem das embalagens de seus produtos e materiais de divulgação. Já a empresa Philips, instalou postos de coleta credenciados para receber antigos aparelhos eletrônicos de todo o Brasil. Após a coleta, a empresa avalia a reutilização ou realiza o descarte correto dos mesmos.

A vantagem da logística verde é se alinhar aos principais modelos de melhorias na cadeia de produção. Ao se identificar potenciais de perdas e os principais impactos ao meio ambiente, ela transforma os processos produtivos em gerados de valores, produzindo assim economia e redução de custos.