Pedágio eletrônico avança e expõe setor rodoviário a novos riscos de ciberataques

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Pedágio eletrônico avança e expõe setor rodoviário a novos riscos de ciberataques

O avanço do pedágio eletrônico no Brasil, especialmente com a implantação do modelo free flow, que permite a cobrança automática sem barreiras físicas, está acelerando a transformação digital no setor rodoviário. Embora traga benefícios como maior fluidez no trânsito e aumento da arrecadação, esse avanço também expõe novas vulnerabilidades, como fraudes financeiras, clonagem de dados e ataques cibernéticos. Em 2024, motoristas relataram casos de golpes envolvendo boletos falsos após passarem por praças que operam com o modelo. Especialistas alertam que o setor ainda está em fase inicial de amadurecimento digital e que, em breve, as tentativas de fraude devem crescer significativamente.

De acordo com o relatório da SonicWall Cyber Threat 2024, o Brasil foi o país da América Latina com o maior número de ataques de ransomware no ano passado, com mais de 1,8 milhão de tentativas registradas. Em um ambiente onde o sistema de cobrança de pedágios agora envolve transações online, comunicação em tempo real e armazenamento de dados sensíveis dos motoristas, o risco de ciberataques se torna um desafio para as concessionárias.

Pedro Hermano, CEO e fundador da Movvia, plataforma de pagamento de pedágios eletrônicos, comenta os impactos dessa transformação digital e os desafios em segurança enfrentados pelo setor: “Saímos da realidade das cabines físicas para um modelo 100% digital, baseado em nuvem, onde além da segurança física da estrada, agora é preciso garantir a segurança dos dados e das transações financeiras”, explica. O especialista destaca que os novos riscos vão desde a manipulação de dados de veículos até fraudes em portais falsos de pagamento e tentativas de evasão digital.

Com experiência de quase duas décadas no desenvolvimento de soluções digitais e há dois anos atuando diretamente com concessionárias de rodovias, Pedro Hermano afirma que o investimento em infraestrutura de cibersegurança e em sistemas antifraude precisa ser tratado como prioridade estratégica. “É uma mudança de mentalidade. As concessionárias agora lidam com dados pessoais, comportamento de tráfego e transações financeiras. Não basta mais ter um sistema que cobre o pedágio, é preciso blindar toda a jornada digital do usuário”, ressalta.