A evolução dos Centros de Distribuição para suportar demandas de logística reversa no Brasil
Modernização e sustentabilidade nos CDs atendem ao aumento de devoluções, reduzindo custos e promovendo a economia circular
O Brasil descarta 2,4 bilhões de quilos de resíduos eletrônicos por ano, de acordo com o E-Waste Monitor da ONU. Com o crescimento do comércio eletrônico e a obsolescência tecnológica acelerada, as devoluções e descartes de equipamentos ganharam escala, pressionando os Centros de Distribuição (CDs) a se adaptarem.
Empresas como a PostalGow estão investindo em modernização e tecnologia para transformar esses centros em hubs estratégicos de logística reversa, alinhando eficiência operacional e sustentabilidade.
Novos desafios exigem novas soluções
Os CDs tradicionalmente projetados para armazenagem e distribuição enfrentam desafios específicos quando o foco passa a incluir a logística reversa. Produtos devolvidos chegam em condições variadas, exigindo processos de triagem mais complexos, além da necessidade de recondicionamento ou descarte sustentável.
Carlos Tanaka, fundador da PostalGow, explica a mudança de paradigma. “A logística reversa exige mais do que espaço físico. É necessário integrar tecnologia e processos padronizados para garantir que cada item seja manipulado de forma eficiente e tenha o destino correto.”
Para atender a essa demanda, a PostalGow expandiu sua rede de CDs em locais estratégicos, como Barueri (SP) e Manaus (AM), e planeja novas unidades em cidades como Rio de Janeiro e Recife. Esses centros estão equipados com sistemas automatizados que otimizam a triagem e o manuseio de equipamentos devolvidos.
Automação e tecnologia avançada
Os avanços tecnológicos têm sido a base da modernização dos CDs da PostalGow. A empresa prevê a implementação de sistemas de triagem automatizados que utilizam câmeras inteligentes e inteligência artificial para classificar os equipamentos devolvidos. Esses sistemas identificam rapidamente itens em condições de reuso, reciclagem ou descarte, reduzindo erros e acelerando os processos.
Além disso, a integração com a plataforma DevolvaFácil permite rastrear cada item devolvido em tempo real. “Nossa tecnologia oferece total visibilidade do processo, desde a coleta até o destino final do equipamento, proporcionando maior controle e eficiência”, explica Tanaka.
Essa abordagem integrada não apenas melhora o fluxo de trabalho nos CDs, mas também ajuda as empresas contratantes a atender metas de sustentabilidade e regulamentações ambientais, como as exigências da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
Sustentabilidade
A modernização dos CDs da PostalGow não se limita à eficiência operacional. A sustentabilidade é um pilar central. Equipamentos que não podem ser recondicionados são desmontados para reciclagem, com o reaproveitamento de metais e plásticos em novas cadeias produtivas.
A empresa já recondiciona até 70 mil equipamentos por mês e promove práticas que reduzem as emissões associadas ao transporte e à fabricação de novos produtos. Segundo Tanaka, essas ações contribuem diretamente para a economia circular e o cumprimento das metas climáticas globais.
“A logística reversa, quando bem estruturada, reduz a necessidade de extração de recursos naturais e diminui o impacto ambiental. Nosso objetivo é transformar os CDs em centros de inovação e sustentabilidade”, destaca.
Impactos econômicos
Além dos benefícios ambientais, a modernização dos CDs gera economia significativa para as empresas contratantes. Estudos mostram que a automação pode reduzir os custos operacionais em até 30%, enquanto a reutilização de componentes diminui a dependência de matérias-primas, reduzindo gastos na cadeia de suprimentos.
Tanaka reforça que a eficiência dos CDs modernizados também melhora a experiência do cliente. “A agilidade no processamento das devoluções e o recondicionamento rápido dos produtos impactam diretamente a percepção de qualidade do consumidor em relação às marcas contratantes.”
Sobre Carlos Tanaka
O especialista possui mais de 25 anos de experiência na área de Logística, tem forte atuação em startups voltadas para soluções de tecnologia no segmento de telecomunicações. É graduado em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da USP, pós graduado pela UC Berkeley Extension e MBA pela Business School SP.