Adesão à tecnologia blockchain será marco decisivo para a Logística no Brasil

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Adesão à tecnologia blockchain será marco decisivo para a Logística no Brasil
Ricardo Hoerde – CEO da Diálogo Logística

As estratégias adotadas pela Logística para ajudar as empresas a atenderem a alta demanda de entregas online e superar o baque econômico provocado pela Covid-19 dão a tônica do fortalecimento do setor no futuro. A mudança de comportamento de milhares de consumidores, muitos ingressando pela primeira vez no universo das compras online, está obrigando o Varejo a ter disciplina e metodologias concretas no processo de migração para o e-commerce, gerando reflexos diretos e acelerando a transformação digital das empresas de logística brasileiras. A inovação promete ser a grande aliada das transportadoras, tendo o blockchain – sistema de contabilidade digital – como um marco decisivo para o segmento em, no máximo, dois ou três anos.

É o que se desenha a partir do avanço da digitalização deste mercado. Nos últimos meses, quem se mostrou mais preparado para atender as demandas na crise está começando a obter resultados e consegue captar a tecnologia como fator determinante nesse processo. Agora mais do que nunca ela será imprescindível e quem não estiver atualizado corre o risco de parar no tempo. No setor logístico o primeiro passo já estava dado com a digitalização de diversas etapas, o desenvolvimento de inteligência artificial, aplicações e mecanismos de entrega cada vez mais rápidos, e uma conexão nunca antes vista entre empresas, transportadoras e clientes.

Essas medidas são importantes, mas logo não irão bastar, e é necessário falar disso agora. As transformações estão ocorrendo de forma veloz, mas muitas vezes guardam riscos, e isso nos leva a crer que a implantação do blockchain na logística deve ser uma das principais tendências para o setor já a partir da primeira metade dessa década.      O que ainda é um assunto em estudo no Brasil e continua em fase de instalação mundo afora – capitaneada por gigantes como DHL e FedEx – promete revolucionar o mercado logístico nacional em poucos anos. 

E estamos falando de um ambiente de negócios que guarda desafios e oportunidades gigantescos em seu desempenho: em dado atualizado em 2018, o Brasil ocupa a 56ª posição no Índice de Performance Logística medido pelo Banco Mundial, que engloba 160 países, ainda distante das principais potências mundiais, mas com significativo avanço desde 2014, quando ocupava a 65ª posição no ranking. Segundo a pesquisa, o país se sai melhor nos quesitos de entregas dentro do prazo, rastreabilidade da carga e competência logística, em contrapartida é necessária mais eficiência alfandegária e de infraestrutura. Um indicativo de que a tecnologia que está por vir pode transformar o mercado nacional.

Recente indicação do Fórum Econômico Mundial aponta que com a redução das barreiras da cadeia de suprimentos ao comércio, o Produto Interno Bruto (PIB) global poderia crescer quase 5% e o comércio, 15%, influenciados também pela tecnologia blockchain. Isso porque ela pode reduzir barreiras e melhorar a confiabilidade de compras, gestão de recursos, transporte, rastreamento e armazenamento de dados seguros, transações, gerenciamento de riscos, blindagem de projetos, controle de cargas e estoque, entre outros.

A Diálogo Logística – empresa especializada em entregas de itens leves nas regiões Sul e Sudeste do Brasil – se mantém atenta a este movimento global e está preparando sua área de tecnologia para estudar a aplicabilidade da blockchain com empresas parceiras. O intuito é ser uma das precursoras no debate e implantação da metodologia para a logística no Brasil, num período em que o volume histórico de entregas da companhia deve saltar dos atuais 20 milhões (desde 2015) para 50 milhões de entregas concluídas nos próximos três anos. São milhões de entregas e cada uma delas tem vida, muda de status de tempos em tempos, e conta uma história. Para ter tudo isso registrado, a confiabilidade com que permite o blockchain é fundamental.

Queremos largar na frente desse processo e ser um dos primeiros a traçar todo o desenho de investimento e encontrar parceiros dispostos a participarem dessa mobilização para que, em 2022, um projeto-piloto já possa estar mais maduro ou mesmo em operação. É necessário fazer essa transição porque o blockchain deve trazer mais segurança para o registro e histórico das informações (cada vez maiores e ainda vulneráveis) em toda a cadeia logística.

Hoje este segmento sofre interferências ao longo do processo, com possibilidade de atraso no transporte e entrega de produtos, extravio ou perda de mercadorias e até entraves burocráticos, financeiros e de rastreabilidade. No entanto para que o blockchain funcione é preciso haver uma integração entre todos os atores do processo, a adaptação dos sistemas para abarcar a tecnologia, e ainda há muitas dúvidas sobre o melhor caminho para investir nisso e é o que pretendemos estudar com mais clareza a partir do segundo semestre do ano e ao longo de 2021. O momento da virada chegou.