Artigo trata da retomada da indústria do petróleo focando nos 40 anos da Bacia de Campos, em Macaé, e na sua importância e o crescimento para a região e economia brasileira
*Igor Tavares, Diretor da Brasil Offshore
Neste ano, a Bacia de Campos, maior área sedimentar já explorada na costa brasileira, completa 40 anos. Sua descoberta na região Norte Fluminense foi em 1974, mas a primeira gota de petróleo só emergiu no dia 16 de dezembro de 1977. Na época, eram muitas as limitações técnicas e tecnológicas, assim como as incógnitas, e ninguém imaginava o impacto real que tal descoberta causaria. Hoje, a bacia corresponde a 80% da produção de petróleo no Brasil.
Ao longo dessas quatro décadas, o país passou por uma ditadura militar, dois impeachments e sete planos econômicos. Apesar da instabilidade político-econômica, foi a indústria petrolífera que mais cresceu nos últimos anos, impulsionando outras áreas, como a construção civil. No Rio de Janeiro, onde o petróleo é responsável por um terço do Produto Interno Bruto (PIB), o impacto foi colossal.
Sua exploração transformou e ainda traz investimentos de cifras bilionárias à capital e cidades como Macaé, onde situa-se a Bacia de Campos, além de contribuir diretamente para o crescimento do Estado. Em um momento de crise pelo qual o Rio passa, os royalties têm sido fundamentais ao Estado, o que corrobora sua importância na economia, principalmente local. Tanto que a saída apontada pelo governo para pagar os servidores é tentar a antecipação do recebimento de receitas dos royalties.
A perspectiva para 2017 é o início de uma retomada, ainda que em um ritmo menor em comparação aos anos anteriores. A recente sanção da Lei 13.365/2016, que permite a exploração nas áreas de pré-sal por outras operadoras além da Petrobras, assim como a provável adesão ao regime de concessão são fatos que vão trazer novas perspectivas para o setor, desde a exploração ao preço do barril do petróleo. E esse conjunto de mudanças geram novas oportunidades às diversas cadeias desse segmento.
O petróleo ainda é o “diamante negro” e tem um futuro promissor, principalmente a médio e a longo prazo. Em dezembro, o governo confirmou a 14ª rodada de leilões para licitações de 291 blocos. Destes, 10 são da Bacia de Campos e de águas ultraprofundas, possivelmente do pré-sal, o que é uma ótima notícia ao mercado, pois, inicialmente, ela não estava nessa rodada. Isso mostra que, aos 40 anos, a Bacia de Campos continua com o mesmo vigor e fôlego para continuar a oferecer as melhores perspectivas na exploração nacional.
A volta de investimentos mais significativos também é uma boa notícia. A diferença é que como agora as proporções são menores, ainda que falemos de cifras bilionárias, a aplicação dos montantes são mais estratégicas. Com isso, esse é o momento dos diversos nichos da cadeia da indústria do petróleo ampliarem o networking e conversarem entre si para melhores negociações, pois disposição para investimento há, entretanto, aplicado mais minuciosamente que outrora. Por isso, em junho, acontece a Brasil Offshore, maior feira do segmento, realizada na capital nacional do petróleo, em Macaé, entre os dias 20 e 23 de junho.
Esse será um ponto de encontro estratégico para todos empresários do setor, desde aquele que explora ao que distribui, ou ao responsável pela manutenção de equipamentos. Serão mais 53 mil profissionais do setor que levarão seus representantes e tomadores de decisão das mais diferentes partes dessa cadeira produtiva de um mercado que, embora adormecido, está preparando sua volta.
Esse é um momento para fazer negócios, identificar tendências e ampliar a rede de contatos. Além da feira, teremos Rodadas de Negócios com organizações do segmento, conferências e palestras sobre áreas de reservatórios, completação e perfuração, subsea e topside.
Para alguns, as crises financeiras são tempos áridos. É a hora de cortar custos, remanejar, um verdadeiro show de contorcionismo para não sair do jogo. Para outros, é um momento de oportunidades. No mercado de petróleo e gás são as duas realidades.