Desafios e oportunidades logísticas no Nordeste brasileiro

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Desafios e oportunidades logísticas no Nordeste brasileiro

Por Leandro Vasconcelos, Diretor Comercial e de Logística na Aço Verde do Brasil

Passei a ter contato direto com a região Nordeste em 2015, quando iniciei minha atuação como diretor de vendas e logística no sul do Maranhão, o que me deu a oportunidade de acompanhar de perto suas transformações logísticas. A distribuição geográfica dos nove estados e sua posição estratégica no mapa nacional colocam o Nordeste como um elo essencial para o fluxo de mercadorias, tanto no mercado interno quanto no externo. Desde então, tenho visto avanços significativos, mas também desafios contínuos que impactam o desenvolvimento logístico local. 

Com quase 60 milhões de habitantes, o Nordeste é a segunda região mais populosa do país, mas ainda enfrenta gargalos significativos em infraestrutura. Isso reflete, por exemplo, na concentração de operações rodoviárias, um modal que, embora tenha seu papel, precisa conviver com as limitações de custo e durabilidade das rodovias em um território tão extenso. Na minha atuação como diretor logístico, opero, juntamente com a minha equipe, 100% das entregas nacionais por meio de transporte rodoviário, chegando a 18 estados e ao Distrito Federal. Ou seja, o transporte rodoviário é essencial para nossos negócios, mas não isento de adversidades – custos elevados, desgaste acelerado das vias e até fatores climáticos e ambientais, que podem afetar a eficiência logística. 

Por outro lado, a região também é privilegiada com uma malha ferroviária em crescimento, composta por ferrovias de extrema importância estratégica, como a Estrada de Ferro Carajás, a Ferrovia Norte-Sul e a Ferrovia Transnordestina. A Estrada de Ferro de Carajás, em particular, representa um ativo essencial para siderúrgicas da região, já que a proximidade com fontes de minério e com portos como Itaqui (MA) e Vila do Conde (PA) possibilita uma logística privilegiada e com redução significativa de custos de frete. 

Além do transporte terrestre, o transporte marítimo também tem forte atuação, especialmente para exportações.  Contudo, a infraestrutura dos portos ainda carece de investimentos que garantam competitividade em comparação a outros portos mais desenvolvidos do país. 

Ainda que o potencial logístico do Nordeste seja promissor, há desafios que não podem ser ignorados. O elevado custo de operação, a dependência do transporte rodoviário e a falta de alternativas mais acessíveis, sustentáveis e eficientes são obstáculos que impactam a competitividade. A expansão e modernização das ferrovias, por exemplo, são passos essenciais, mas que exigem um alinhamento de esforços entre o governo e o setor privado. Além disso, questões climáticas, como a variação nas chuvas e a própria vulnerabilidade de algumas áreas às secas, afetam diretamente a qualidade das estradas e a segurança das operações.  

Oportunidades e potencial logístico 

O Nordeste tem um potencial de crescimento logístico que, se bem aproveitado, poderá colocar a região em um patamar mais competitivo no mercado nacional e internacional. Para mim, atuar na área logística representa a chance de contribuir para o desenvolvimento local e, ao mesmo tempo, de aproveitar as vantagens competitivas que a proximidade com fontes de matéria-prima e os corredores logísticos oferecem. Há desafios, sim, mas também existe uma série de oportunidades que, com investimentos consistentes, pode alavancar o crescimento econômico e consolidar o Nordeste como um polo estratégico na logística brasileira e global.