Desempenho nas melhores datas comemorativas do ano para as vendas pode ser prejudicado por questões como a ruptura e a falta de planejamento
O varejo aguarda com ansiedade o Dia dos Namorados, assim como acontece no Natal e Dia das Mães, afinal essas datas são as melhores ocasiões do calendário comemorativo para o lojista.
Campanhas de marketing sazonais são comuns para os grandes varejistas e também para segmentos importantes voltados para o público feminino, como o de cosméticos e moda. No entanto, toda essa expectativa pode ser frustrada se não houver um esforço logístico para garantir o produto certo, em quantidades adequadas à demanda, na gôndola.
De acordo com estimativas de mercado, quase 70% dos varejistas não conseguem prever atrasos de abastecimento e entrega de seus próprios produtos. Problema para as empresas? Pode ser também vantagem para o consumidor que, se estiver atento e dispor de certa flexibilidade de datas, pode aproveitar o pós-feriado com promoções e descontos.
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Na opinião de Eduardo Sanches, especialista da Diagma Consultoria em Supply Chain, além da falta de planejamento, uma das principais ameaças para o bom desempenho de vendas sazonais é o risco de ruptura, ou seja, a falta de produto na gôndola do ponto de venda, no momento em que o consumidor ali o procura. “A ruptura é um risco potencializado em épocas como o dia das mães e dosnamorados. Cerca de 10% do faturamento das lojas é comprometido com as rupturas”, explica Eduardo.
Em sua avaliação, a cadeia do varejo aumentou tanto em complexidade nos últimos tempos, inclusive com o impacto do e-commerce, que eventuais ganhos em processo não são refletidos na redução da ruptura. “São literalmente centenas de milhares de itens diferentes para serem produzidos, transportados e estocados”, lembra o especialista da Diagma.
O varejo, em resposta à evolução do perfil do shopper (comprador), multiplicou os formatos de loja. Regiões onde antes havia apenas um imenso centro de compras (formato hiper) passaram a ter muitas pequenas e médias lojas, eventualmente, uma grande. E cada cluster (combinação de tamanho de loja com região e cliente-alvo) pede um sortimento de produtos distintos.
“Imaginem o que é pilotar toda essa complexidade. Não é de estranhar que, por vezes, algum produto fique esquecido em um elo da cadeia, e falte na prateleira”, afirma o consultor.
Para ele, nenhuma empresa sozinha seria capaz de gerenciar essa operação gigantesca e resolver seus inúmeros problemas. “É preciso levar a aplicação do conceito de Supply Chain Management ainda mais longe, para fazer frente ao desafio da ruptura, principalmente em momentos de grande consumo, como as datas comemorativas”, completa.