Digitalização da manufatura: Brasil tem um longo caminho para ser Indústria 4.0 

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Digitalização da manufatura: Brasil tem um longo caminho para ser Indústria 4.0 

Por Vanderlei Ferreira, CEO Brasil, Zebra Technologies 

  A indústria brasileira vem se modernizando cada vez mais nos últimos anos, com um salto considerável no processo de transformação digital motivado pela pandemia, como mostram estudos recentes. A digitalização de processos associada à incorporação de soluções de automação, segurança cibernética e rastreamento conferem às operações maiores índices de eficiência, rentabilidade, previsibilidade e crescimento.  

Mas uma análise mais detalhada da modernização da manufatura do Brasil mostra que ainda temos muito a crescer em termos de processos digitais para a expansão da nossa competitividade internacional. A segunda edição doÍndice de Produtividade Tecnológica (IPT) da Manufatura, estudo feito pela Totvs, mostra avanços, espaço para melhora, importância da transformação digital nos negócios e áreas consideradas prioritárias para novos investimentos. 

As empresas da manufatura brasileira evoluíram em produtividade nos últimos cinco anos, obtendo média de 0,71 ponto – em uma escala de 0 a 1 –, frente ao resultado de 0,52 ponto registrado de 2019. O IPT busca avaliar o uso, internalização e ganho de performance a partir da adoção de sistemas de gestão e tecnologias complementares. Em 2019, 79% das empresas estavam em posição intermediária de maturidade tecnológica, índice que aumentou para 87% em 2024. O que esses números nos mostram é que há um apetite cada vez maior para a adoção de ferramentas tecnológicas no nosso mercado. 

Ao longo das últimas décadas, nossa experiência na Zebra Technologies vem nos mostrando que algumas frentes de digitalização são cruciais para o avanço tecnológico da manufatura, entre eles as soluções voltadas ao capital humano (redução de atrasos e erros com procedimentos manuais e entrega de ferramentas que otimizem e facilitem as tarefas dos trabalhadores); rastreabilidade e transparência nos processos com visibilidade de ponta a ponta; e integração entre humanos e IA.  

O levantamento da Totvs também mostra que 75% das empresas ainda não possuem soluções de e-commerce, apenas 49% já empregam ferramentas de segurança e 41% de Business Intelligence (BI), o que indica um potencial enorme. A coleta de dados, por exemplo, é um processo vital para o sucesso de qualquer ramo da indústria, funcionando como o combustível que impulsiona a eficiência e a inovação, permitindo um aumento da visibilidade operacional, personificação de processos e otimização dos resultados de produção.  

Mas para ir além, é preciso analizar e utilizar esses dados para tomar decisões oportunas e estratégicas, por meio de, por exemplo, sistemas de rastreamento, o que é fundamental para mapear com precisão o fluxo desde a recepção de materiais até o produto final, reduzindo os “gargalos” e aumentando a produtividade.  

Os números da Totvs também revelam que os brasileiros têm entre seus objetivos investir mais em digitalização, tendo seis áreas como prioridade: controle da produção (47%), planejamento de produção (47%), qualidade (36%), manutenção de ativos (34%), distribuição/logística (29%) e engenharia (32%). 

Ao longo dos próximos anos, a implementação bem-sucedida de ferramentas e soluções tecnológicas nestas áreas, que possibilitem um avanço maior do processo de transformação digital no Brasil, podem nos levar a afirmar que o país chegou, de fato, à Indústria 4.0 e promover a interação entre humanos e a inteligência artificial será um ponto primordial para atingir esta marca. 

A colaboração entre humanos e dispositivos para desenvolver sistemas adaptativos e preditivos gerando o aprendizado das máquinas, levando as indústrias, de maneira proativa, a melhorarem continuamente seus processos e antecipar eventos futuros serão benefícios da implementação com sucesso das novas soluções de IA.  

A experiência acumulada ao longo de décadas na Zebra Technologies nos possibilitou traçar um roadmap para atingir a modernização da manufatura em cinco etapas. O início do processo se dá com a implementação das ferramentas corretas para a transformação digital, elevando o potencial dos negócios. A segunda foca no capital humano e nas soluções tecnológicas que possam otimizar fluxos de trabalho; enquanto a terceira tem como objetivo aumentar a visibilidade das operações de ponta a ponta por meio de ferramentas de rastreabilidade. 

Para levar a digitalização de processos e modernização da manufatura a um nível ainda mais complexo, o quarto ponto inclui a gestão eficiente do inventário e dos ativos, utilizando dispositivos que permitem decisões informadas em tempo real. No quinto e último estágio a empresa torna-se destaque em inovação no seu setor da manufatura ao implementar soluções de automação que priorizam a interação entre humanos e IA, levando as empresas a agir de forma proativa, melhorando continuamente seus processos e antecipando eventos futuros.