Em meio à apagão da mão de obra logística, automação se consolida como caminho e critério para investir no Brasil
Setor enfrenta dificuldade para preencher vagas operacionais e encontra na integração tecnológica uma forma de garantir eficiência, escalabilidade e retenção de talentos
São Paulo, outubro de 2025 – Mesmo com taxa de desemprego relativamente baixa, com 5,6% de desocupação no trimestre encerrado em agosto, conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, repetindo o menor patamar já registrado pela série histórica, muitas empresas relatam dificuldade em preencher vagas operacionais, especialmente na logística.
Um levantamento da FGV IBRE mostra que, no primeiro trimestre de 2025, 58,1% das empresas de serviços afirmaram enfrentar problemas para contratar mão de obra qualificada, com impacto direto no setor logístico.
Segundo Murilo Namura, Head Of Sales da Área de Equipamentos da Pitney Bowes, multinacional orientada pela tecnologia que oferece soluções de envio em SaaS e inovação em correspondências em todo o mundo, o cenário, intensificado no período pós-pandemia, impulsionou um movimento de transformação tecnológica nas operações logísticas que vem crescendo progressivamente no setor.
“Se antes a automação era vista como ganho de eficiência, agora ela se tornou uma necessidade estratégica para manter a produtividade e a competitividade. As empresas querem escalar suas operações sem aumentar linearmente o número de colaboradores, porque ficou cada vez mais difícil contratar e reter mão de obra”, afirma Murilo.
Além de mitigar a escassez de profissionais, Namura explica que a automação tem contribuído diretamente para a retenção de talentos, uma vez que trabalhadores tendem a permanecer em empresas que oferecem condições mais modernas e seguras.
Junto a isso, a eficiência também avança no campo operacional. Como exemplo citado pelo especialista, em processos tradicionais de descarga, um caminhão pode demandar cinco operadores e cerca de uma hora de trabalho; com esteiras motorizadas, o mesmo serviço é realizado em 30 minutos com apenas dois colaboradores, reduzindo custos e tempo de operação.
Outro ganho vem com a cubagem automatizada, que calcula de forma precisa o volume e o peso dos itens transportados, permitindo um controle mais justo e rentável sobre os fretes. “As empresas passam a identificar diferenças médias de 7% a 12% na receita, resultado positivo obtido apenas com precisão de dados”, explica Namura.
Para viabilizar o acesso à tecnologia, a Pitney Bowes aposta em modelos flexíveis de investimento para alguns modelos de operação, como a que flexibilizam custo inicial de aquisição em despesa operacional (OPEX).
“É uma forma de modernizar a operação sem comprometer o fluxo de caixa. Na prática, o equipamento se paga com os ganhos de produtividade e faturamento que ele mesmo gera”, observa o executivo.
No entanto, para Murilo, o sucesso da automação depende de planejamento e personalização dentro da companhia, avaliando cada realidade em tipo de produto, fluxo operacional e curva de crescimento.
“Em um país onde o custo logístico pode representar até 12% do PIB, segundo o Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos), a modernização tecnológica, sem dúvidas, se afirma como necessidade estrutural para a competitividade e a sustentabilidade do setor logístico brasileiro. Por isso, é fundamental trabalhar com soluções modulares e escaláveis que podem ser expandidas conforme o negócio evolui”, conclui o porta-voz da Pitney Bowes.




