Logística em alerta: motoristas em falta, avião no caos e a China comprando espaço no Brasil
Brasil perde quase um quarto dos caminhoneiros em 10 anos
Um levantamento mostrou que 1,2 milhão de caminhoneiros deixaram a profissão na última década. Em 2015, o país tinha 5,6 milhões de motoristas; hoje são cerca de 4,4 milhões. Por que isso importa?
- A profissão envelheceu: média de idade acima dos 45 anos.
- As condições de estrada, descanso e remuneração continuam precárias.
- Os jovens não veem atratividade — falta tecnologia, reconhecimento e segurança. 🔎 Impacto direto na logística: aumento de custos de frete, dificuldade de contratar motoristas, risco de gargalos no abastecimento. O transporte rodoviário é o coração da logística brasileira; sem sangue novo, o corpo inteiro sente.
👉Caminho: valorizar o motorista como ativo estratégico, oferecer infraestrutura e apostar em digitalização e automação para reduzir a dependência desse déficit.
🍔 2. Keeta chega ao Brasil prometendo revolução no delivery
A chinesa Keeta, braço da Meituan (um dos maiores ecossistemas de delivery do mundo), estreia em Santos e São Vicente com uma proposta ousada:
- 80% a 90% dos pedidos entregues em até 30 minutos.
- Algoritmos que antecipam pedidos para restaurantes com base no comportamento de consumo.
- Capacetes inteligentes para entregadores — monitoram quedas, trazem conexão Bluetooth e aumentam a segurança. O diferencial é a soma de previsão + execução rápida, algo que muda o jogo do last mile.
👉 Reflexão: Se hoje já achamos 1h rápida, imagine quando o benchmark for 30 min. O cliente não vai aceitar menos que isso. Essa entrada da Keeta pode forçar grandes players a revisarem tempo de entrega, remuneração de entregador e experiência do consumidor.
A plataforma ainda promete frete grátis e entrega de 80% a 90% dos pedidos em até 30 minutos. O sistema antecipa pedidos aos restaurantes quando o algoritmo identifica probabilidade acima de 99,99% de demanda naquele horário e estabelecimento. A tecnologia reduz tempo de espera em média de 8 minutos em comparação com outras plataformas.
🏯 3. Invasão chinesa no setor de serviços no Brasil
O movimento chinês no Brasil não para no comércio exterior. Agora, investimentos diretos em setores de serviços — e-commerce, logística, até alimentação e entretenimento — estão crescendo. O que isso significa?
- Empresas chinesas estão entrando não só como fornecedoras, mas como donas de operação no Brasil.
- Com capital e tecnologia, elas trazem escala, eficiência e padrões que mexem com a concorrência local.
- Do lado logístico, isso pressiona cadeias de suprimento, portos, importação/exportação e redes de distribuição.
👉 Alerta: para os operadores locais, ou você se conecta a esse movimento como parceiro, ou será atropelado pela lógica de preço + eficiência + velocidade que eles impõem.
✈️ 4. Aviação enfrenta o maior desafio logístico em décadas
O setor aéreo global está vivendo um nó logístico raro:
- Escassez de peças e mão de obra especializada → manutenção mais lenta.
- Atrasos em série em voos de passageiros e cargas.
- Custos operacionais recordes, com combustível e seguros em alta. Tudo isso cria um efeito dominó: menos aviões disponíveis, menos rotas confiáveis, mais caro para quem precisa voar — seja passageiro ou carga.
👉 Para a logística: quem depende de modal aéreo (e-commerce premium, cargas urgentes, farmacêuticos, high tech) precisa revisar planos de contingência. Vai ter que negociar melhor com fornecedores, buscar alternativas modais e, em alguns casos, repensar o modelo de negócio para não ficar refém dessa tempestade.
🤖 5. Insights da minha imersão na China
Acabo de voltar de uma imersão estratégica na China junto com a nstech e executivos de grandes empresas brasileiras.
Foram dias intensos explorando automação, inteligência artificial, digitalização e performance logística no coração da inovação mundial. O que vimos:
- Armazéns autônomos com robôs em escala massiva.
- IA decidindo rotas, distribuição e alocação de recursos em tempo real.
- Integração perfeita entre indústria, logística e varejo — um ecossistema que funciona como organismo vivo.
👉 Quem quiser acompanhar mais de perto, estou compartilhando os bastidores no meu Instagram. São aprendizados que podem mudar radicalmente como vemos produtividade e competitividade na logística brasileira.
🎯 Takeaways da semana
- Motorista virou ativo escasso e estratégico.
- Last mile vai entrar na era do “meia hora ou nada”.
- O dragão chinês está comprando espaço no Brasil.
- Avião deixou de ser atalho e virou dor de cabeça.
- Quem aprende com a China hoje, sai na frente amanhã.
SOBRE O AUTOR:
Achiles Rodrigues é um executivo de marketing e vendas e um nexialista com mais de 20 anos de experiência no mundo corporativo.
Logístico de pai, mãe e parteira, já atuou nos mais diversos setores e segmentos, trazendo milhões em resultados em otimização operacional e alavancagem comercial.
Formado em Administração e Teologia, é pós-graduado em Neurociência, Vendas, Negociações e Resultados de Alta Performance, além de Logística e Supply Chain.
É colunista da revista Mundo logística e fundador dos blogs: clubedalogística.com.br e achilesrodrigues.com.br.