Lucas Sanches. CIO – DB Schenker Brasil
Com este novo panorama, temos que identificar quais as tecnologias inteligentes que são primordiais para o setor logístico:
Blockchain e Internet das Coisas (IoT) – O Blockchain é uma estrutura formada por blocos de informações, distribuídos e acessíveis por vários pontos concentradores, chamados de “nós”, que suportam essa rede. Essa é a tecnologia de base por trás dos Bitcoins, e sua rápida adoção demonstra que a tecnologia pode ser muito útil, não só para o setor financeiro, mas para as mais diversas indústrias. Por meio de um fluxo sistêmico de todos os processos e rastreamento de todas as informações, do ponto inicial ao final, o Blockchain é uma solução que avança no setor de logística.
A tecnologia Blockchain oferece uma forma de verificar todas as etapas do processo, como o transporte de um produto em toda a cadeia de supply chain, possibilitando o envio de dados por todos os participantes da cadeia, reduzindo etapas de fiscalização, resultando em maior transparência e segurança em todo o processo logístico. Além disso, as redes Blockchain auxiliam no rastreamento de fraudes, extravios, furtos e ações maliciosas, e por consequência, facilitam as etapas de fiscalizações de ponto a ponto. Todas as informações ficam armazenadas na rede Blockchain e são acessíveis por meio de chaves criptografadas, que protegem o conteúdo de usos indevidos. É um cenário de evolução muito grande do ponto de vista da logística.
Aliado à Internet das Coisas ou IoT (Internet of Things), eu vejo uma tendência constante e que se intensifica diariamente no setor. Em 2017, a cada segundo, 11 milhões de itens foram adicionados à internet. A previsão é de que, até 2020, teremos 50 bilhões de equipamentos conectados à internet. A Internet das Coisas é a capacidade de qualquer equipamento ou aparelho se comunicar com a rede mundial de computadores e fornecer dados. É uma tecnologia que esta redefinindo o mercado industrial, e o impacto é iminente para empresas de logística globais.
Por exemplo, em uma solução entre IoT e Blockchain, há um ambiente de processos logísticos com altíssima integração e automatização.
A crescente inserção de sensores em todos os ambientes de supply chain, irá inundar os sistemas correlatos – via Blockchain ou não -, de novos dados extremamente valiosos para a tomada de decisão e acompanhamento do processo logístico como um todo. Tomemos como exemplo uma carga de Vacinas saindo da Alemanha com destino ao Brasil, se utilizarmos uma embalagem com sensores que enviam dados para a internet, IoT, por meio de uma estrutura de comunicação Blockchain. Supomos que a carga tem um requisito de temperatura específica e tem que estar em uma determinada faixa de umidade. Os sensores aplicados a embalagem vão monitorar a umidade, a temperatura e suas variações. Essas informações são transmitidas à rede Blockchain por meio de blocos de dados contendo: data atual, posição, temperatura, umidade e o responsável atual pela operação de movimentação. Ao final do processo, quando o Cliente no Brasil receber a carga de vacinas, ao invés de ligar para o exportador para questionar sobre a segurança e condições de transporte desse item, ele poderá fazer uma requisição de dados a rede Blockchain e, de forma segura, com a chave de descriptografia, ter acesso a todos os dados relativos ao transporte.
Esse cenário transfere a ciência e controle da informação que antes era do Exportador, Agentes de Carga e Operadores Logísticos para uma cadeia web de informações seguras, a rede Blockchain.
Nesse contexto, estas tecnologias são poderosas aliadas da indústria, permitindo que decisões sejam tomadas de uma forma imediata e eficiente, identificando falhas, manutenções, prevenções e riscos ao longo do curso. Impressão 3D – O ambiente de impressão 3D também muda o cenário da logística. A teoria é que a produção seja o mínimo possível de forma centralizada, colocando isso para mais perto do cliente. Um exemplo é uma grande empresa de aviões que já utiliza muitos itens de acabamento em 3D, assim ela reduz gastos e energia, já que a impressão 3D em baixa escala é um recurso mais customizado, rápido e fácil para ser produzido.
A aproximação do local de produção do Cliente final tem várias vantagens do ponto de vista logístico e, mesmo parecendo um problema para as empresas do ramo logístico, esse movimento pode trazer diversas oportunidades. Pensemos em um cenário em que a produção acompanha a demanda muito de perto e é operada por meio de impressoras 3D, abrir e fechar unidades de fabricação de acordo com a demanda pode ser algo muito caro e pouco prático. Já se considerarmos uma unidade de fabricação instalada em um Warehouse compartilhado, onde o excedente de produção já pode ficar armazenado e diretamente despachado para a entrega ao Cliente final. Se a demanda de produtos nessa região diminuir, a operação poderia ser movimentada para outro armazém com maior demanda regional.
Robotização – Já vivenciamos um cenário de robotização frequente na indústria e temos algumas aplicações em Logística, principalmente em operações de Warehouse. A tendência é, um aumento rápido, da utilização de robôs para substituir atividades de baixo valor agregado, seja ela uma atividade de movimentação física de materiais ou na coleta e replicação de informações em sistemas. Os Bot’s, como são chamados os robôs virtuais que simulam a atividade de um usuário, vão ganhar força e, cada vez mais, irão substituir os operadores humanos em atividades operacionais de baixo valor agregado.
Veículos autônomos: A utilização de veículos autônomos sendo aplicada aos armazéns, centros de distribuição e em toda a cadeia de fornecimento é uma tendência forte para os próximos anos. Na Alemanha, por exemplo, já existem projetos integrados entre fabricantes de caminhões e operadores logísticos para utilização de comboios de caminhões em modo semiautônomo: o primeiro caminhão ainda seria pilotado por um motorista e todos os demais seguiriam o caminhão à frente, por meio de sensores, localização e câmeras de alta definição. Iniciativas como essa tendem a mudar em pouco tempo, de forma bastante relevante, o ambiente de logística e a perspectiva de custos que temos atualmente.
Big Data – O conceito de Big Data já é ponto pacífico de utilização em diversas áreas de negócio, com maior proeminência em operações de e-commerce e varejo. Um dos pontos básicos, para a aplicação do Big Data, é a alta disponibilidade de dados e a sua relevância sobre uma determinada operação. Considerando as diversas inovações e melhorias tecnológicas já mencionadas, temos um outro reflexo importante a considerar que é a quantidade imensa de novos dados que estarão à disposição e o quão acurados eles serão. Podemos, com isso, entrar em uma nova era na logística do ponto de vista do Big Data. Seremos capazes de minerar dados dessa nova fonte e tomar decisões com base em informações corretas e, não apenas, no nosso conhecimento empírico sobre os temas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse cenário de revolução tecnológica, as tecnologias inteligentes são poderosas aliadas da indústria, trazendo integração de vários processos, automatização, identificação de falha em tempo real, redução de custos, tomada de decisão com base em informações corretas. O Brasil poderá levar um pouco mais de tempo para receber todas estas tecnologias, mas vejo uma tendência de aproximação dos modelos ágeis aplicados em países de primeiro mundo.
Teremos que trabalhar em todas as frentes e, ao mesmo tempo, nos adaptarmos as novas tecnologias que surgem e resolver gaps de informação, deixando dados disponíveis na internet e habilitados para utilização em ambientes de Big Data. Parece um ambiente caótico? Realmente é, e não será algo temporário. Esse deve ser o cenário daqui para a frente. Caberá as empresas e seus líderes um posicionamento adequado. Teremos um serviço melhor, com informações fidedignas, amplamente disponíveis. As informações passarão a ser a base para a tomada de decisão, de forma imediata e eficiente. É um cenário de grande evolução global na indústria de supply chain e logística.