O que mudou na rede de logística com a Covid-19? Especialista comenta!
A pandemia de coronavírus sacudiu tudo e a todos. Na área da logística, não foi diferente. A Covid-19 obrigou as empresas a inovarem, alterando processos e agilizando transformações. A seguir, Sandra Façanha, professora dos cursos de Graduação em Administração e de Pós-graduação em Gestão Logística das Redes de Suprimentos da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) comenta as mudanças ocorridas na área. “A reinvenção do setor passou pelo fortalecimento de parcerias existentes e desenvolvimento de novas parcerias. E, como forma de materializar essas parcerias, os processos foram revisados (mais enxutos) e mais integrados (com a ajuda da tecnologia)”, diz a professora. Entre as tendências que nasceram diante da pandemia e devem permanecer pós-Covid-19, segundo Sandra, está a diversidade de opções de delivery no famoso “last mile”. “Não apenas por diferentes modais (desde carros de aplicativos, motos, bicicletas, patinetes, a pé, etc.), mas também oferecendo a possibilidade de você pedir absolutamente tudo como “delivery” (não apenas alimentos), porque as empresas (grandes lojas físicas, por exemplo) desenvolveram uma estratégia específica para tanto! Não por acaso, hoje existe um amplo leque de opções muito mais ágil em termos de entrega, comparando-se com o que existia até um ano atrás”, opina. ADAPTAÇÕES Diversos setores da economia tiveram de se adaptar rapidamente à nova dinâmica trazida pela pandemia. Na logística, em um primeiro momento, um dos grandes desafios encarados foi a escassez de recursos físicos adequados (veículos, por exemplo) e mão de obra qualificada. “No entanto, contando com a usual criatividade do brasileiro, foi muito interessante verificarmos que até vans escolares estavam sendo usadas para entregas! Solução muito bacana, especialmente por conta do desemprego que atingiu essa classe, por exemplo”, diz Sandra. No entanto, continuamos com a falta de qualificação, o que certamente pode ser superada, se houver interesse de quem atua na área. O problema é quando a logística no E-Commerce é somente “um bico”, até que a economia melhore. Nesses casos, em geral, as pessoas não costumam buscar aprimoramento em termos de qualificação. DIGITALIZAÇÃO CADA VEZ MAIS IMPORTANTE Tecnologia e logística estão juntas, de forma evidente, há algumas décadas. É o tipo de casamento que não vai terminar em divórcio porque, no mínimo, desde o final do século passado, não existe logística sem tecnologia. “Um exemplo simples pode ser encontrado em qualquer loja de aplicativos dos sistemas IoS ou Android: é surpreendente a quantidade de aplicativos voltados para frete e roteirização. Alguns gratuitos e com desempenho razoável!”, acrescenta. PEQUENAS EMPRESAS ENTRAM NA COMPETIÇÃO Além da intensificação do e-commerce nas grandes empresas, pequenas companhias também passaram a usar o comércio eletrônico e marketplaces como forma de sobreviver ao isolamento social. “Essas pequenas empresas, sem dúvida, criaram uma demanda maior. Dados da ABComm indicam cerca de 30 mil novas lojas de E-Commerce por mês ao longo da pandemia (antes era 10 mil), mas a maior parte dos pequenos faz uso dos correios. No entanto, aqueles que começam a ter vendas mais expressivas certamente investigam outras possibilidades”. Todavia, um grande empecilho para que eles consigam fretes mais competitivos, por exemplo, reside na regularidade de volume ou faturamento mínimo, o que é um desafio ainda maior em meio a tantas lojas de E-Commerce. “Vale destacar que existem empresas especializadas em oferecer uma solução logística completa para o E-Commerce (caso da ULock), incluindo não apenas o frete, mas também armazenagem e mesmo fulfillment, mas existe a questão do faturamento mínimo”, explica. LOGÍSTICA COMPARTILHADA A logística compartilhada tem sido uma prática recorrente nesse cenário. A maior vantagem é a rapidez na entrega combinada com custos razoáveis. Já a grande desvantagem reside no nível de qualificação de quem faz essas entregas. Em alguns casos o produto pode chegar avariado, ou mesmo nem chegar, por exemplo. Mas o saldo, no geral, tem sido positivo. É PRECISO SEGURANÇA NAS ENTREGAS No cenário de pandemia que vivemos, é imprescindível que as entregas e profissionais que delas participam sigam todos os protocolos recomendados pelas autoridades médicas. “No entanto, no dia a dia, parece que a maioria esquece (ou nem separa um tempo), por conta da usual pressão na produtividade de entregas. Se é que ainda não é feito, mesmo remotamente, deveria existir um protocolo para atestar, ainda que de forma remota, o devido cumprimento desses protocolos”, recomenda. CONSUMIDOR E EMPRESAS MAIS EXIGENTES O consumidor ficou mais exigente. Para atendê-los, as empresas precisam, sempre que possível, conciliar rapidez de entrega e preços baixos. Por outro lado, a questão da rapidez pode ser secundária se o frete for menor, ou quem sabe gratuito, especialmente em tempos de alto nível de desemprego. Já com relação às empresas, o nível de exigência é evidenciado nos grandes players que, de certa forma, dominam o mercado. Empresas de pequeno porte, dependendo do nível de qualificação dos profissionais envolvidos e do interesse deles em permanecer no E-Commerce, naturalmente tendem a ser mais exigentes. CRESCIMENTO TROUXE TAMBÉM RECLAMAÇÕES Junto com o boom no setor de logística, cresceu também o número de clientes insatisfeitos. Conforme informações do site Reclame Aqui, as reclamações aumentaram em cerca de 125%. “Em um cenário de concorrência brutal, nada irrita mais o/a consumidor/a do que ser ignorado pela empresa que ele/a escolheu! Se isso ocorre, é fácil o/a cliente não retornar nunca mais! Desenvolver um setor específico para lidar de forma rápida com as reclamações é uma solução para as empresas manterem sua imagem e reputação junto ao consumidor”, finaliza. Currículo da Especialista Sandra Façanha: Doutora e Mestra em Administração de Empresas pela FEA/USP (SP); Mestra em Logística, com especialização em Logística de Distribuição pela Cranfield University (UK); MBA em Administração pela Coppead, UFRJ (RJ) e Bacharela em Administração de Empresas, com ênfase em Comércio Exterior, pela Universidade Veiga de Almeida (RJ). Tem mais de 20 anos de experiência em empresas de médio e grande portes nas áreas de logística, operações e redes de suprimentos, tanto no Brasil (São Paulo, Rio de Janeiros e Recife), quanto no exterior (Los Angeles, EUA). Atua como docente há mais de 10 anos em cursos de graduação e pós-graduação na Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP). Sobre a FECAP A Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) é referência nacional em educação na área de negócios desde 1902. A Instituição proporciona formação de alta qualidade em todos os seus cursos: Ensino Médio (técnico, pleno e bilíngue), Graduação, Pós-graduação, MBA, Mestrado, Extensão e cursos corporativos. Dentre os diversos indicadores de desempenho, comprova a qualidade superior de seus cursos com os resultados do ENADE (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) e do IGC (Índice Geral de Cursos), no qual conquistou o primeiro lugar entre os Centros Universitários do Estado de São Paulo. Em âmbito nacional, considerando todos os tipos de Instituição de Ensino Superior do País, está entre as 5,7% IES cadastradas no MEC com nota máxima. Contato para imprensa: |