Rumo à economia circular: desafios da cadeia de suprimentos na América Latina

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An overhead aerial shot of a thick forest with beautiful trees and greenery

Rumo à economia circular: desafios da cadeia de suprimentos na América Latina

Dia de Proteção às Florestas, em 17 de julho, é uma oportunidade para conscientizar sobre ações que podem ser adotadas para ajudar o meio ambiente

 São Paulo, julho de 2024 – A cadeia de suprimentos tradicional é uma das principais fontes de emissões de CO2. Desde a extração das matérias-primas, o transporte de produtos até a chegada ao consumidor final, cada etapa do processo gera emissões de gases de efeito estufa, resíduos e contaminação.

Em 2022, mais de 37 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) foram emitidas pela atividade industrial e combustíveis fósseis em todo o mundo1. Estima-se que 90% das emissões de gases de efeito estufa de uma empresa provêm das operações da cadeia de suprimentos, 2destacando a urgência em adotar modelos de negócios mais sustentáveis que reduzam o impacto ambiental e promovam o uso eficiente dos recursos naturais.

De acordo com a Organização Mundial Meteorológica (OMM), 2023 foi o ano mais quente em 174 anos e isso deve piorar devido às contínuas mudanças ambientais. A principal causa destas mudanças climáticas é o efeito estufa, e o desmatamento pode intensificar o aquecimento global. O Dia de Proteção às Florestas, celebrado em 17 de julho, é uma oportunidade para conscientizar sobre ações que a indústria, empresas, governo e sociedade podem adotar para assim ajudar na preservação do meio ambiente.

Conscientização e digitalização: principais desafios para a sustentabilidade na cadeia de suprimentos

Um dos maiores desafios é conseguir a aceitação do mercado, já que os consumidores e empresas muitas vezes acreditam que produtos fabricados com materiais reciclados ou recondicionados possuem uma qualidade inferior em comparação com produtos novos.

“Superar esta percepção requer esforços em educação e comunicação para demonstrar os benefícios e a qualidade dos modelos de economia circular. Os produtos são uma alternativa que pode ser mais rentável a longo prazo que as opções baseadas na economia linear”, explica Samantha Rodriguez, Gerente Sênior de Sustentabilidade Latam da CHEP.

Criar um mercado de serviços circulares também apresenta dificuldades, já que é necessário estabelecer uma demanda que suporte a reparação, reforma e reciclagem de produtos, adaptando os modelos de negócios existentes. Além disso, investir na digitalização é crucial, pois implica em integrar novas tecnologias nos sistemas tradicionais para gerenciar o rastreamento de produtos e materiais ao longo de seu ciclo de vida.

“Com o uso de ferramentas digitais e análise de dados podemos entender melhor os movimentos de ativos, ineficiências e padrões de comportamento do cliente, criando assim cadeias de suprimentos mais inteligentes e circulares. Desta maneira é possível fortalecer o relacionamento com os clientes por meio do uso de dados, permitindo proporcionar uma gestão mais eficiente”, acrescenta Samantha.

Um vídeo produzido pela CHEP explica o impacto positivo do modelo de pooling na economia circular e para a sustentabilidade: https://www.youtube.com/watch?v=ZgjIqY98Muko.

América Latina na vanguarda da adoção da economia circular

A transição para uma economia circular é uma solução promissora para a redução das emissões na cadeia de abastecimento. Este modelo econômico se baseia na manutenção dos recursos em uso pelo maior tempo possível, extraindo o máximo valor deles enquanto estão em utilização. A economia circular não só reduz o impacto ambiental, mas também pode gerar benefícios econômicos e sociais significativos. Na América Latina, a adoção deste modelo nas cadeias de suprimentos está ganhando popularidade.

De acordo com uma pesquisa da EY, 80% dos executivos de grandes empresas da Argentina, Brasil, Canadá, México e Estados Unidos já investem em operações sustentáveis. Além disso, 93% das 250 maiores companhias do mundo contam com programas de sustentabilidade.

Leis mais verdes: Parcerias para fechar o ciclo na América Latina

Para consolidar um modelo de economia circular também é necessário o apoio de instituições que promovam regulamentações relacionadas ao uso de resíduos, normas de produção e circulação transfronteiriça de materiais.

Uma recente pesquisa realizada pela CHEP indica que 70% dos entrevistados acredita que o governo e as autoridades nacionais são os principais responsáveis pela transição para uma economia circular, enquanto 47% considera que as empresas e o setor industrial podem contribuir por meio de design de produtos e da produção e transporte de bens e mercadorias.

Na Cidade do México foi aprovada recentemente a primeira Lei de Economia Circular do país, que estabelece as bases para a construção de alternativas econômicas que aproveitem os recursos sem gerar deterioração ambiental, mantendo o sucesso dos negócios.

Já no Brasil, o Governo está implementando diversas medidas para promover a economia circular, como a conscientização da sociedade, o financiamento de pesquisas e a promoção de processos sustentáveis. Um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelou que 76% das empresas brasileiras já desenvolvem iniciativas de economia circular, com práticas que incluem reciclagem de materiais, reuso de água e logística reversa.

Em conclusão, a economia circular oferece um caminho viável para reduzir o impacto ambiental da cadeia de abastecimento, promover a sustentabilidade e responder à crescente demanda de consumidores conscientes. As empresas que adotarem esse modelo não só contribuem com um futuro mais verde, como também poderão se beneficiar de uma maior eficiência e resiliência em suas operações.

1 Statista
2 Relatório da Capgemini “Como uma maior inteligência pode otimizar as cadeias de suprimentos”