SEM PREVISÃO DE ACORDO, GREVE DOS AUDITORES DA RECEITA VIRA CRISE BILIONÁRIA PARA ECONOMIA BRASILEIRA
Para o especialista em comércio exterior Jackson Campos a falta de interesse para encerrar a paralisação, que já dura quase seis meses, é sistêmica e pode causar dano de R$40 bi
Os Auditores-Fiscais estão em greve desde o dia 26 de novembro por conta da falta de reajustes nos salários e pela falta de abertura para negociar com o MGI (Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos). A paralisação já está causando efeitos negativos na economia, mas não houve nenhum avanço nas negociações entre governo e Sindifisco, órgão que lidera o movimento.
A paralisação atrasa a entrada de mercadorias que necessitam de vistoria no país, já que são esses servidores que realizam este serviço, causando prejuízos logísticos milionários. O especialista em comércio exterior Jackson Campos explica que o prejuízo para o Brasil pode chegar aos R$40 bi se nada for feito.
“Se a greve dos auditores da Receita Federal persistir até o final de 2025, os impactos ao comércio exterior e à economia brasileira serão profundos. A operação-padrão iniciada no ano passado já gerou perdas estimadas em R$14,6 bilhões em arrecadação até março. Projeções apontam que, mantido o ritmo, os prejuízos podem ultrapassar R$40 bilhões até dezembro. A greve, se prolongada, transformará um colapso pontual em uma crise estrutural no comércio exterior brasileiro”, analisa o especialista.
Em entrevista para um podcast na última semana, o diretor suplente do Sindifisco (Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil) Diogo Loureiro, relatou que a paralisação pode se tornar ainda maior, já que a falta de avanços nas negociações entre o governo e o sindicato deve fazer com que mais auditores sejam favoráveis à greve. Na última quarta-feira, 14, o Sindifisco se reuniu com o MGI, mas não houve a apresentação de nenhuma proposta por parte do ministério.
As empresas que atuam no comércio exterior têm sentido e acumulado custos extras por conta da carga parada e de atrasos na liberação dos produtos. Para o especialista, o país está perdendo atratividade por conta da lentidão do setor aduaneiro e corre risco de desabastecimento de produtos.
“No CARF, cerca de R$51 bilhões em processos tributários seguem sem julgamento, agravando a insegurança jurídica. O Brasil também perde atratividade internacional: com aduanas mais lentas que Chile e Colômbia, investimentos tendem a ser redirecionados. Muitas empresas estão sendo forçadas a rever prazos com parceiros internacionais e a renegociar penalidades contratuais. Há também uma preocupação com o desabastecimento de insumos industriais e produtos acabados, especialmente em segmentos como farmacêutico, automotivo e alimentício, altamente dependentes da regularidade aduaneira”, afirma Campos.
Ele ainda afirma que as empresas logísticas devem se preparar para mais prejuízos, já que a greve deve seguir por mais algum tempo. “O diretor do Sindifisco deixou claro que só vai encerrar a greve quando as exigências da categoria forem atendidas, então resta ao empresário pressionar o MGI por meio das associações de setor e se preparar para enfrentar mais atrasos e absorver custos extras”, conclui Campos.
Saiba mais sobre Jackson Campos: Diretor de Relações Institucionais da AGL Cargo, Campos atua com comércio exterior e relações governamentais há anos, o que o coloca em posição de destaque para abordar quaisquer desdobramentos relacionados à importação, exportação, comércio exterior e lobby. O especialista que também é Fellow do CBEXs possui facilidade em explicar todos os processos e etapas que fazem parte do ciclo de vida de um determinado produto, desde a movimentação de seus insumos até a sua entrega no cliente, desvendando dados, estatísticas e revelando os percalços do comércio exterior. Saiba mais em: Jackson Campos