SEM PREVISÃO DE ENCERRAMENTO, GREVE DOS AUDITORES FISCAIS PODE CAUSAR CAOS ECONÔMICO

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SEM PREVISÃO DE ENCERRAMENTO, GREVE DOS AUDITORES FISCAIS PODE CAUSAR CAOS ECONÔMICO

Para o especialista em comércio exterior, Jackson Campos, se a paralisação for mantida até 2025, cenário pode piorar e causar severos danos na economia
 

Os Auditores-Fiscais intensificarão a operação-padrão nas aduanas, ampliando a visibilidade da paralisação por tempo indeterminado. Desde o dia 26 de novembro os auditores Receita Federal declararam greve por conta da falta de reajustes nos salários e pela falta de abertura para negociar com o MGI (Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos). Ainda pouco falada, a paralisação pode ter efeitos terríveis na economia se nenhuma ação for tomada, afirma o especialista em comércio exterior Jackson Campos.
 

Segundo ele, a paralisação impede que as mercadorias que necessitam de vistoria entrem no país, já que são esses servidores que realizam este serviço. “A paralisação vai afetar a economia, porque haverá falta de diversos produtos e matérias primas que ficarão retidas aguardando pela fiscalização. É um problema que precisa de uma solução o mais rápido possível, pois pode virar uma bola de neve incontrolável”, analisa o especialista.
 

Com o represamento destas cargas, um efeito dominó se instaura: os armazéns ficam cheios, faltando espaço para a chegada de outras mercadorias, o que pode gerar filas de navios, afetando diretamente o bolso do importadores, que terão que pagar pelos dias a mais que os produtos ficam “em trânsito”.
 

Vale lembrar que recentemente o Aeroporto de Guarulhos sofreu com falta de espaço para armazenar corretamente as cargas que chegavam pelo modal aéreo. Os portos, por outro lado, carecem de estrutura de armazéns e também estão sobrecarregados.
 

Expandindo para o macro, a falta de cargas pode causar um desabastecimento de produtos e matérias-primas importantes e que são produzidos fora do país. O inverso também acontece, já que as cargas que serão exportadas precisam passar pela fiscalização, mas tem que ficar esperando pelo retorno das atividades dos auditores.
 

“As importações e exportações ficam travadas, gerando custos desnecessários, com milhares de reais sendo perdidos pela espera pelas cargas, e até o momento não há nenhuma expectativa de retorno das atividades. O cenário se complicará muito caso 2025 chegue sem avanços, porque o frete marítimo continuará alto e as empresas vão sentir ainda mais no bolso na hora de importar”, aponta Campos.
 

O Sindifisco (Sindicato dos Funcionários do Fisco) realizou diversas mobilizações durante o ano em protesto à falta de conversas com o Governo Federal. Sem nenhuma negociação em vista, mais de 400 auditores já entregaram seus cargos para apoiar a greve da categoria e há uma tendência de crescimento neste número.
 

Com recentes acordos comerciais importantes estabelecidos, como, por exemplo, com a China e a União Européia, uma paralisação total causaria um caos econômico e problemas entre o país e outras federações. Campos pondera que a reivindicação dos grevistas é justa pela falta de reajustes ao longo dos anos, mas que uma greve geral poderia dificultar ainda mais as conversas.
 

“É justo que exista um aumento, já que a categoria não se vê valorizada há anos. Entretanto, uma paralisação total causaria um caos econômico, o que dificultaria ainda mais as conversas entre Governo e Sindifisco. Acabamos de assinar acordos econômicos muito bons e a greve pressiona o Poder Público. É necessário parcimônia dos dois lados para tomar a melhor atitude para o país e finalmente encontrar um ponto em comum”, conclui o especialista.
 

Saiba mais sobre Jackson Campos: Diretor de Relações Institucionais da AGL Cargo, Campos atua com comércio exterior e relações governamentais há anos, o que o coloca em posição de destaque para abordar quaisquer desdobramentos relacionados à importação, exportação, comércio exterior e lobby. O especialista que também é Fellow do CBEXs possui facilidade em explicar todos os processos e etapas que fazem parte do ciclo de vida de um determinado produto, desde a movimentação de seus insumos até a sua entrega no cliente, desvendando dados, estatísticas e revelando os percalços do comércio exterior. Saiba mais em: Jackson Campos