Um olhar sobre os talentos de supply chain da América Latina
*Eduardo Garcia
No contexto mundial, onde o valor da cadeia de suprimentos da América Latina deve alcançar US$ 785 milhões até 2027, essa região ganha cada vez mais uma posição estratégica para o crescimento global do setor. Trata-se de um cenário de expansão sem precedentes e o talento latino-americano é um fator preponderante para transformar todo esse potencial em realidade.
No entanto, a questão que surge é: como atrair, reter e desenvolver esses valorosos recursos humanos em um ambiente laboral que passa por constante evolução? A resposta para essa pergunta estratégica é fundamental para garantir que as operações da indústria continuem sendo competitivas e sustentáveis.
Nova força de trabalho e talentos especializados
A composição da força de trabalho na América Latina vive mudanças significativas. Na DHL Supply Chain, por exemplo, 42% dos colaboradores têm menos de 30 anos (o dobro da média global) e as atuais mudanças demográficas exigem constante investimento em talentos especializados. À medida que nos aproximamos de 2030, a previsão é que se contratem 50 mil jovens das gerações Z e Millennials, o que significará que passaremos a ter 75% de nossa força laboral composta por essas gerações.
Nativos digitais, esses grupos demográficos têm expectativas diferentes no mundo do trabalho, como valorizar o equilíbrio entre a vida corporativa e pessoal, priorizar a saúde mental e buscar um propósito na sua atividade profissional. Mas a diferença digital entre as gerações mais jovens e mais velhas, assim como as provenientes das áreas rurais e urbanas, geram desigualdades na convivência profissional que devem ser abordadas.
Na DHL Supply Chain, por exemplo, adotamos uma abordagem proativa para integrar e desenvolver essas gerações com o intercâmbio de conhecimentos benéficos para ambas, além de investir em capacitação específica para preparar nossos colaboradores para os desafios do futuro. E não estamos falando apenas de habilidades técnicas ou tecnológicas, mas incluindo programas específicos de liderança e diversidade e inclusão que nos permitem construir cultura, romper paradigmas e ensinar as habilidades sociais dos líderes do amanhã que serão requeridas para que possam se destacar em um mundo corporativo dinâmico e em constante evolução.
Espaços de trabalho seguros
Com a experiência de liderar equipes de Recursos Humanos que cuidam de mais de 44 mil pessoas na América Latina, sabemos que criar espaços seguros é uma medida primordial para que os colaboradores se expressem com autenticidade e potencializam suas habilidades, aquelas que os fazem únicos. Esse acordo de promover um ambiente inclusivo e seguro vai além da área que cuida das pessoas: deve ser um compromisso essencial para todos os líderes da organização.
As novas gerações valorizam essa diversidade, a inclusão e um ambiente laboral que priorize seu bem-estar. E isso faz todo o sentido: se pessoalmente o indivíduo não se sente bem, isso repercute em todas as áreas da sua vida. Por isso, como empresas, é importante que ofereçamos instalações adequadas para cuidado com a segurança física de todos, horários flexíveis para cuidar da saúde mental e oportunidades de crescimento que permitam aos colaboradores um desenvolvimento pleno para conseguirem cumprir suas metas e propósitos.
Um fator essencial para criar um ambiente de trabalho adequado é a comunicação aberta com fluxo efetivo de perguntas e respostas, onde todos os colaboradores se sintam valorizados e ouvidos, pois essa abordagem não só melhora a moral das equipes, mas também impulsiona a produtividade e a inovação, criando um ciclo positivo que beneficia toda a organização.
Impulso e incentivo para carreiras STEM
O crescimento de carreiras em Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM) é crucial para o futuro da cadeia de abastecimento. Por exemplo, no México, a demanda de profissionais em STEM vem aumentando, impulsionado por mudanças tecnológicas e projetos de infraestrutura. No Brasil, até o final de 2025 esse mercado precisa de 797 mil vagas nessas carreiras, mas ainda existe esse déficit no País. No entanto, os cursos de educação superior nessas áreas ainda são insuficientes, com apenas 16,5% dos jovens atuando em atividades profissionais ou técnicas.
A boa notícia desse cenário é que a indústria de logística oferece um campo fértil para os profissionais de STEM crescerem no setor com seus conhecimentos: da otimização de processos até a implementação de tecnologias avançadas, o setor logístico se beneficia das habilidades técnicas que esses profissionais podem agregar. Na DHL Supply Chain, estamos trabalhando para atrair esses talentos, oferecendo programas de desenvolvimento profissional que integram a tecnologia e o gerenciamento da cadeia de suprimentos, garantindo que nossos colaboradores estejam na vanguarda da inovação.
À medida que enfrentamos desafios na integração e desenvolvimento profissionais especializados, assim como na criação de um ambiente corporativo inclusivo e seguro, e na promoção de carreiras em STEM, as respostas para esses obstáculos vêm das próprias empresas e é vital que as companhias do setor de logística e cadeia de abastecimento assumam esse compromisso de liderar o caminho.
Confira algumas dicas de como integrar as pessoas e formar equipes de alto nível:
1 – Estabeleça um propósito compartilhado: Qual é a razão pela qual seu colaborador vai trabalhar naquele dia? O que é que o move? Evite a linguagem corporativa vazia e busque maior conexão. É importante se comunicar de maneira efetiva com as pessoas porque elas são importantes para a organização e qual impacto real delas nos resultados, não apenas painéis e campanhas visuais. Isso gera um sentimento de pertencimento e compromisso.
- Somente a colaboração e o reconhecimento: É importante repetirmos sempre e aperfeiçoarmos este ponto de maneira consciente, pois estamos falando de pessoas que precisam de espaços para compartilhar ideias e celebrar as vitórias individuais e coletivas. Isso não apenas fortalece as relações interpessoais, mas também reforça a motivação.
Com o investimento em talentos, reforço das conexões e da capacitação para alcançar um propósito compartilhado, poderemos garantir um futuro próspero e sustentável para supply chain na América Latina e assim garantir que ela não apenas cresça, mas seja um reflexo do talento, da diversidade e do propósito dessa indústria tão essencial para o funcionamento da vida contemporânea.
*Eduardo Garcia, vice-presidente de Recursos Humanos LATAM na DHL Supply Chain.