ESG na logística: 5 impactos reais que mostram por que o tema é urgente para o setor

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ESG na logística: 5 impactos reais que mostram por que o tema é urgente para o setor

De exigência regulatória a diferencial competitivo, práticas ESG ganham espaço nas operações logísticas e exigem atenção especial à rastreabilidade, governança e sustentabilidade

São Paulo, junho de 2025 – Muito além de um selo verde ou tendência passageira, o ESG (sigla para ambiental, social e governança) tornou-se uma exigência concreta para o setor de logística. Pressionadas por regulamentações, investidores, grandes contratantes e também pela sociedade, empresas da área estão sendo cobradas a adotar práticas mais sustentáveis, éticas e transparentes em todas as etapas de suas operações.

O momento é de aceleração: segundo o relatório Net Zero Readiness Report 2023 da KPMG,  o setor de transportes é responsável por 16% de todas as emissões de gases de efeito estufa no Brasil, sendo o segundo maior emissor nacional. O mesmo material mostra ainda que, desde 2005, as emissões cresceram 53%, com aumento de 10% na intensidade, ou seja, a poluição por unidade de atividade aumentou em vez de diminuir.

Ao mesmo tempo, 82% dos operadores logísticos brasileiros já têm uma área dedicada ao ESG e 72% praticam ações de redução, reuso e reciclagem de resíduos, segundo o estudo “Perfil dos Operadores Logísticos”, publicada em 2022 e desenvolvida por meio de uma parceria entre o Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS) e a Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL). 

“Com o avanço das exigências legais e de mercado, integrar práticas ESG à operação deixou de ser opcional e se tornou um fator de sobrevivência e diferenciação”, afirma Gleison Loureiro, CEO do AmbLegis, software especializado em gestão de requisitos legais e compliance. Ele lembra que, até 2026, empresas de capital aberto já deverão apresentar relatórios ESG obrigatórios conforme a CVM, o que tende a puxar toda a cadeia de fornecimento. “Quem presta serviço para grandes embarcadores já começa a sentir essa pressão”, completa.

A seguir, Loureiro detalha cinco impactos reais que mostram como o ESG já está transformando o setor logístico:

  1. Redução de custos e emissões com eficiência ambiental

O uso de rotas otimizadas, modais mais eficientes e veículos com menor emissão de CO₂ tem reduzido significativamente os custos operacionais em empresas que adotam práticas ESG. Grandes operadores como a CLI, por exemplo, já utilizam caminhões elétricos no transporte de grãos no Porto de Itaqui (MA) e investem milhões em planos de descarbonização. “A sustentabilidade deixou de ser custo. Quando bem aplicada, ela gera retorno financeiro real, desde economia de combustível até menos gastos com descarte inadequado de resíduos”, diz o CEO.

  1. Acesso facilitado a crédito e linhas de financiamento verdes

Empresas com boa performance ESG têm acesso mais fácil a financiamentos com taxas diferenciadas e programas de incentivo. O Plano de Sustentabilidade da ANTT, por exemplo, prevê benefícios como emissão de debêntures incentivadas e reajustes de tarifas para quem atinge metas de desempenho ESG. “Hoje, o mercado financeiro premia quem reduz riscos. E estar em dia com a legislação ambiental é uma forma clara de reduzir riscos operacionais e reputacionais”, reforça Loureiro.

  1. Aumento da exigência de conformidade nas cadeias logísticas

Grandes embarcadores já exigem cláusulas ESG em contrato – como metas de redução de carbono, comprovação de boas práticas trabalhistas e certificações ambientais. Além disso, empresas listadas na B3 passarão a ter que seguir padrões internacionais de relato ESG a partir de 2025, como GRI e TCFD . “Não basta mais entregar no prazo: é preciso provar que a entrega foi feita com rastreabilidade, segurança e respeito às normas socioambientais”, afirma o especialista.

  1. Redução de riscos legais com compliance e governança estruturada

A implementação de políticas anticorrupção, canais de denúncia e auditoria digital contínua está no radar de órgãos reguladores e clientes. Com o Ciclo ESG da ANTT, o setor passa a ter diretrizes claras para integrar práticas de sustentabilidade aos contratos de concessão. “A governança é o eixo que sustenta o ESG. E no transporte, onde há múltiplos fornecedores e pontos de contato, ter uma gestão documental sólida é o que garante proteção jurídica e reputacional”, explica.

  1. Ganho de imagem e posicionamento competitivo

Empresas que lideram boas práticas ESG não apenas conquistam mais contratos, como também fortalecem sua reputação — especialmente em um momento em que o Brasil sedia a COP 30 e atrai atenção global para sua performance ambiental . “Em um mercado cada vez mais competitivo, quem lidera em sustentabilidade conquista espaço, preferência e resiliência”, finaliza Gleison Loureiro.