O QUE ESPERAR DE 2019?

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O QUE ESPERAR DE 2019?L

Após profundas recessões econômicas, 2018 mostrou-se o ano da retomada. Especialistas do setor logístico analisam o ano que passou e comentam o que esperam para o futuro
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2018 foi um ano fantástico para a Combilift! Na Irlanda inauguramos nossa fábrica com 46.500 : é a maior fábrica de empilhadeiras em um prédio único na Europa e a mais moderna do mundo. A capacidade instalada é suficiente para chegarmos a faturar 1 bilhão de euros antes de 2025. Aqui no Brasil duplicamos as vendas com relação à 2017”.

Rafael Kessler, diretor comercial da Combilift no Brasil

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“Sem dúvidas foi um ano desafiador e exigiu que as empresas investissem e inovassem para se manterem competitivas”.

Kleyton Cabral, diretor executivo da Remaferpa

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“Investimos em estruturas internas nas quais percebemos necessidade de melhorar a organização e eficiência e soubemos trazer estes resultados de forma palpável para nossos clientes”.

Ricardo Gorodovits, diretor comercial da GKO Informática

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“Logo no início de 2019, a Clark irá lançar mais um modelo de máquina movida a GLP ou Diesel com foco no contínuo incremento de portfólio no Brasil. Com isso, prevemos incremento de 20% em vendas de máquinas e 15% de crescimento de vendas de peças”.

Carlos Ferreira, CEO da Clark

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“Nossas operações reagiram à altura e registramos crescimento em termos de volume transportado, fretes agenciados e projetos industriais realizados. Um dos destaques foi o crescimento da área de cabotagem”.

Eric Brenner, CEO da DHL Global Forwarding no Brasil

Definitivamente, após dois anos de profundas recessões econômicas, 2018 pode ser considerado, como o primeiro “suspiro” da retomada da economia no País. Empresas de diversos segmentos conseguiram fôlego para expandir os negócios, mesmo que timidamente, e fecharam o ano com saldo positivo e maior do que o projetado.

“Sem dúvidas foi um ano desafiador e exigiu que as empresas investissem e inovassem para se manterem competitivas. As mudanças ocorridas nos últimos anos na economia global pediram alterações drásticas na forma de trabalhar: a indústria, o varejo e o setor de prestação de serviços buscaram soluções para redução de custos e aumento de resultados diante de incertezas políticas e econômicas”, analisa o diretor executivo da Remaferpa, Kleyton Cabral.

De fato, o Ministério da Indústria e Comércio (MDIC) divulgou que, até o dia 25 de novembro, o volume de exportações e importações ultrapassaram o mesmo período de 2017, totalizando US$ 216,139 bilhões (alta de 9,7%) e US$ 165,075 bilhões (aumento de 21,8%), respectivamente. Apesar da balança comercial brasileira registrar superávit de US$ 51,064 bilhões, o número ainda é 16,8% inferior que o ano passado.

A Associação de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) comentou que o crescimento do setor de máquinas e equipamentos foi de 7,7%. Ainda sobre a indústria, o Índice de Confiança da Indústria (ICI) avançou e atingiu 94,3 pontos, desde a primeira alta em maio último.

“2018 foi um ano fantástico para a Combilift! Na Irlanda inauguramos nossa fábrica com 46.500 m²: é a maior fábrica de empilhadeiras em um prédio único na Europa e a mais moderna do mundo. A capacidade instalada é suficiente para chegarmos a faturar 1 bilhão de euros antes de 2025. Aqui no Brasil duplicamos as vendas com relação à 2017 e consolidamos a parceria com a fabricante de torres Lift-Tek, o que permite mais agilidade nas entregas e ampliamos a rede de distribuidores”, celebra o diretor comercial da Combilift no Brasil, Rafael Kessler.

Outro setor que merece destaque nesse novo cenário de retomada da economia é o de transporte de cargas. Mesmo com a greve dos caminhoneiros, aumento da tabela do frete e as situações precárias de diversas estradas do Brasil, o transporte rodoviário faturou R$ 2,8 trilhões apenas no primeiro semestre – aumento de 40% em relação ao mesmo semestre de 2017.

No entanto, como um reflexo da crise gerada pela greve dos caminheiros, a maior já registrada – e que culminou em 11 dias de estradas completamente paradas no último mês de maio – a cabotagem voltou a entrar no radar de empresas e indústrias como uma opção logística mais eficiente, segura, menos poluente e com maior volume transportado. Desde 2008, a cabotagem registra crescimento de 10% nos portos do País e, somente no primeiro semestre deste ano, houve a expansão de 13% do modal.

“Nossas operações reagiram à altura e registramos crescimento em termos de volume transportado, fretes agenciados e projetos industriais realizados. Um dos destaques foi o crescimento da área de cabotagem. As empresas têm direcionado mais cargas para esse modal, bem como mais empresas têm considerado esta opção. Tivemos um projeto muito importante de transporte da fábrica ao porto de 600 pás eólicas que vão ser exportadas do Nordeste para os Estados Unidos”, enfatiza o CEO da DHL Global Forwarding no Brasil, Eric Brenner.

Corroborando com Brenner, o vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios da DHL Supply Chain no Brasil, Plínio Pereira, reforça que foram realizados “investimentos em novos centros de distribuição, na aquisição de equipamentos e na implantação de cross dockings em pontos estratégicos do País. Expandimos também nossa frota de caminhões e carros elétricos e fizemos investimentos em sistemas de TI, especialmente de visibilidade e gestão de produtividade”.

RETOMADA CAUTELOSA NOS NEGÓCIOS

Apesar do otimismo de muitos, ainda há a parcela de investidores e empresários que optaram por um caminho mais conservador, sem grandes investimentos ao longo do ano, priorizando reformulações internas e o capital humano.

“No início de 2018 já esperávamos que seria um período para analisar as operações internas do que pensar em crescimento. Porém, conseguimos superar algumas expectativas e desafios, nesse contexto serviu para rever os processos da empresa, investir em pessoas e melhorias internas. Nossa expectativa é que a evolução, em comparação com 2017, seja semelhante ou um pouco superior ao ano anterior”, enfatiza o diretor comercial da JM Empilhadeiras, Rurik Travain Ayub.

Para o diretor comercial da GKO Informática, Ricardo Gorodovits, 2018 foi também foi importante para a reorganização interna da empresa. “Investimos em estruturas internas nas quais percebemos necessidade de melhor a organização e eficiência e soubemos trazer estes resultados de forma palpável para nossos clientes. A central de serviços compartilhados da GKO (que terceiriza serviços), a LogPartners, foi talvez a que melhor traduziu estas melhorias, com a apresentação de novos Dashboards para maior transparência das informações de gestão para as empresas atendidas, nas quais, entre outros dados, passamos a evidenciar o custo evitado no pagamento dos transportes”.

Adotando a mesma linha conservadora, a Panalpina Brasil analisa que o ano foi importante para vencer uma série de desafios e explorar novos negócios. “Com isso, conquistamos mais espaço no mercado, mesmo sem ter tantas novas oportunidades como esperávamos. Uma das razões para isso foi apostar na diversificação que a Panalpina oferece. Temos que pensar no que podemos fazer de diferente, em como fazer e como coletar esses resultados. Comparando com o mesmo período do ano anterior, estamos bem melhores”, conclui o presidente da operadora logística, Marcelo Caio D’Arco.

A cautela em novos investimentos tem suas razões. Mesmo apresentando melhoras, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ainda terá um longo caminho para os primeiros passos de uma recuperação: após sete trimestres consecutivos de crescimento econômico, o PIB permanece 5% abaixo do esperado.

E OS INVESTIMENTOS EM LOGÍSTICA, COMO FICARAM?

Mesmo com um cenário positivo de retomada econômica, o Brasil ainda possui um dos maiores custos logísticos entre as principais economias do mundo e isso não é novidade para o setor. Pesquisa da Fundação Dom Cabral aponta que empresas no País destinam 12,37% do faturamento bruto apenas para custos logísticos, em sua maioria, para infraestrutura de transportes e mobilidade urbana.

“É preciso que tenhamos cuidado muito grande no investimento de logística no Brasil para reduzir essa incidência, pois isso significa perda de competitividade”, pontua o professor e coordenador da pesquisa, Paulo Resende.  

Ainda de acordo com recente estudo da Fundação, uma maneira de reverter essa grave situação seria o investimento mínimo, e urgente, de 2% do PIB nacional em transporte e logística até 2035. Com isso, o custo de 12,37% reduziria para 8%.

Diante disso, investidores e empresários continuam atentos a esse cenário e buscando novas maneiras para reverter, ou, pelo menos ajudar a melhorar o quadro. No entanto, como já mencionado, muitos não recuaram neste ano, seguiram tendência do mercado e investiram em outras áreas que não demandassem tanto dos custos logísticos em transportes.

O CEO da BX LOG, Mauro Henrique Pereira, comenta que a operadora logística investiu em frota própria para reduzir custos e na melhoria de sistemas de tecnologia da informação. “Este ano a faturamento aumentou 50% e a grande novidade é que marcamos a nossa estreia em novos segmentos, como a logística farmacêutica, que já possui importante representatividade em nosso portfólio”.

Já a  CLARK Empilhadeiras investiu, principalmente, no aumento do estoque de máquinas e em peças, garantindo a disponibilidade imediata ou de curto prazo dos produtos para o mercado. “Os investimentos em logística se concentraram em nossos equipamentos elétricos, com lançamentos de novos produtos e com o desenvolvimento e disponibilização para o mercado de baterias de Íon-Lítio, confiáveis e economicamente efetivas. Com isso, as vendas aumentaram e, até o encerramento de 2018, devem atingir 24% de crescimento em máquinas e cerca de 10% em peças”, ressalta o CEO da empresa, Carlos Ferreira.

Referência em intralogística, a Translift lançou os veículos AGV (Automated Guided Vehicle, em português Veículo Automaticamente Guiado), que tiveram boa aceitação no mercado. Os AGV´s são veículos autoguiados que carregam e transportam materiais em linhas de montagem, armazéns, centros de distribuição, entre outros lugares. Receberam diversas consultas e já implementaram com total sucesso alguns sistemas em clientes do setor de autopeças/automotivo.

“Investimos em tecnologia para o desenvolvimento e o aperfeiçoamento da nova linha de veículos automatizados, a AGV. Este produto já é maciçamente utilizado na Europa e no mercado americano, porém, ainda tem participação muito tímida no mercado nacional por conta dos elevados custos de importação e ausência de serviço de pós-venda local. Com a decisão de investir no desenvolvimento e fabricação do produto em território brasileiro, estamos aptos a oferecer ao mercado um produto confiável, por um preço mais justo e a devida assistência pós-vendas necessária”, explica o presidente da Translift, Jair Alves.

O QUE ESPERAR DE 2019?

Com a definição presidencial acertada e o pronunciamento de importantes medidas sócio econômicas para o novo governo, em linhas gerais o setor logístico está confiante para o próximo ano. O presidente eleito, Jair Messias Bolsonaro, já adiantou que pretende priorizar o setor de transporte e infraestrutura, a fim de desburocratizar e simplificar processos. No que tange à logística nacional, uma das melhorias pretendidas será a integração de rodovias e ferrovias para melhorar o transporte de cargas no País.

“O novo governo pode indicar uma retomada da economia ou novas oportunidades de negócios para as companhias que atuam no Brasil. Acredito que a expectativa é grande nesse sentido e já começamos a ver alguma perspectiva positiva para 2019. Os primeiros seis meses serão fundamentais para entendermos como será essa nova gestão e para que o governo transforme as suas promessas em prática, comece a explorar novas oportunidades e colha os primeiros resultados”, acredita o presidente da Panalpina do Brasil, Marcelo Caio D’Arco.

O CEO da BX LOG, Mauro Henrique Pereira, também acredita que 2019 será um grande ano para o setor de logística. “Principalmente para as empresas que estiverem preparadas para absorverem a demanda oriunda da recuperação da economia. Estamos prevendo novos investimentos em frota, mas também em estrutura de armazenagem no Rio de Janeiro, Espírito Santo, Santa Catarina e Distrito Federal. A expectativa é de mantermos o crescimento no patamar de 40% a 50%”.

Segmentos como o de condomínios logísticos continuarão passando longe da crise. Segundo a Colliers International Brasil, apenas no terceiro trimestre de 2018, o setor aponta números positivos: de julho a setembro, as áreas locadas e devolvidas aumentaram em 240 mil m², um saldo 50% maior do que no mesmo trimestre de 2017. A taxa de vacância segue em queda, atingindo os 26% ao compararmos com o período analisado no último ano.

Recentemente, o Mercado Livre anunciou a construção de um novo centro logístico com 111,7 mil m², em Cajamar (SP), que deverá ser entregue no primeiro trimestre de 2019. O Centro de Distribuição permitirá que a companhia gerencie etapas como coleta, armazenamento, embalagem e entrega para que o vendedor tenha mais tempo para estratégias do negócio e vendas.

“Para crescer e inovar no comércio eletrônico, é necessário investir em tecnologia continuamente. No caso do Mercado Livre, a tecnologia de gerenciamento de estoque e de transporte, desenvolvida pela própria empresa, é o que garante a escala da nossa operação, que tem sustentado um crescimento acima dos 30% nos últimos 12 trimestres consecutivos, tendo chegado a 33% no terceiro trimestre. Com o novo Centro de Distribuição, que será o maior empreendimento do setor de e-commerce no País, buscamos manter essa posição de liderança”, comenta  o diretor de Mercado Envios, Leandro Bassoi.

E o segmento de serviços logísticos? No caso de empresas que fabricam ou fornecem empilhadeiras, por exemplo, o próximo ano promete continuar otimista. A renovação da frota por empresas que utilizam o serviço e os investimentos em novas peças farão com que o segmento continue aquecido.   

“Logo no início de 2019, a Clark irá lançar mais um modelo de máquina movida a GLP ou Diesel com foco no contínuo incremento de portfólio no Brasil. Com isso, prevemos incremento de 20% em vendas de máquinas e 15% de crescimento de vendas de peças”, prevê o CEO da empresa, Carlos Ferreira.

Seguindo a mesma linha, a JM Empilhadeiras continuará investindo em pessoas e processos internos. Rurik acredita que o caminho seja no avanço de novas tecnologias e negócios dentro do segmento. “Também pretendemos renovar a frota de equipamentos. A expectativa é manter o crescimento na faixa de 12 a 15%”.

Para o diretor comercial da Combilift no Brasil, maior fabricante global de empilhadeiras multidirecionais, Rafael Kessler, a expectativa é de crescimento para atender todo tipo de demanda.

“Reforçamos o estoque de peças de reposição e estrutura de pós-vendas, que é o mais importante para acompanhar a presença no mercado. Dois fatores nos fazem ser muito otimistas: os clientes aprenderam a fazer contas, pois depois de ciclo de altas e baixas econômicas, estamos agora em um período em que os investimentos serão realizados com critério. Algo que favorece a multinacional, já que somos uma empresa de soluções”, conclui.

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