ESG, um novo motor para a governança corporativa

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ESG, um novo motor para a governança corporativa

Carolina Cabral*

 

A política ESG é o novo tripé de valores sobre os quais toda e qualquer empresa necessitará estar equilibrada no futuro. Tendo consciência disso, ela tem levado companhias de todos os portes a olharem para dentro de casa e também para fora de suas janelas, sobretudo para atender os interesses das novas gerações.

Observo que os anseios de se colocar em práticas ações de ESG combinadas com resultados têm feito as empresas repensarem uma estratégia que se situa a um passo antes, mas que há tempos não ficava tão em evidência: a governança corporativa. Esta prática que sempre foi fundamental para a tomada de decisão nas empresas, quando aplicada da forma correta e sustentável, garante o desenvolvimento econômico e ético da corporação – o que está totalmente em consonância com a ESG.

A onda da ESG traz consigo a necessidade de um novo aculturamento, que obrigatoriamente passa pela governança corporativa. Isso inicia um processo de atualização da gestão nas empresas para ir de encontro com as melhores práticas, com processos transparentes e com clareza quanto aos seus objetivos. 

Quando falamos em Governança, significa dizer que determinada empresa investe, trabalha, compra, ou seja, faz negócios de maneira correta, em princípios éticos. Porém, a transparência envolvida em todas as suas ações começa em etapas anteriores, realizadas obrigatoriamente em casa.

A primeira delas é a participação de toda a empresa. Para que haja governança, é preciso descentralizar a operação e contar com a colaboração de diversas áreas e os diversos níveis hierárquicos da companhia. Todos devem responder por seus atos e assumir suas responsabilidades, e as decisões precisam ser sempre tomadas pensando em atender o maior número de interesses possíveis.

Um outro ponto importante é o Accountability: todos devem prestar contas de seus atos de forma clara. Este termo em inglês pode ser utilizado como sinônimo de responsabilização, prestação de contas, controle, fiscalização e transparência. Ou seja, trata-se de um conceito amplo e complexo, mas que não consiste apenas em buscar culpados quando algo não dá certo. Está relacionado à gestão que não aceita ações consideradas corruptas, nem são tolerantes com o famoso “jeitinho brasileiro”.

 Outras etapas importantes são a Isonomia (igualdade de tratamento para todos, sem preferências ou preconceitos), o Estado de direito (todos os atos da empresa devem estar na lei) e a Eficiência (fazer mais com menos, atendendo aos níveis de qualidade e garantindo o crescimento sustentável da empresa).

Para pequenas e médias empresas, a governança corporativa assume um papel muito relevante na tomada de decisões estratégicas do negócio, trazendo benefícios significativos. Entre eles, a redução de custos – por tornar a tomada de decisão mais assertiva, minimizando o desperdício; a otimização de tempo, já que normalmente os processos rodam com mais facilidade e a produtividade entre os colaboradores tende a aumentar; e a transparência na gestão e troca de informações. O ambiente se torna mais saudável, além de gerar confiabilidade.

A governança corporativa também está relacionada com a profissionalização do ambiente e com a postura das pessoas. À medida que a transparência e responsabilidade na gestão são fatores fundamentais para o alinhamento de interesse de todas as partes, o reflexo é direto na postura dos colaboradores. Há uma melhora no relacionamento entre as partes interessadas, os envolvidos se sentem motivados a cooperar, o que resulta em grande oportunidade para a própria empresa, com aumento de lucratividade, maior facilidade em caso de busca por investidor, etc.

Ressalto que a governança corporativa é para todos, independente do porte da empresa e segmento. Inclusive, ela deveria conduzir todos os processos em uma empresa, uma vez que é através dela que se alcança resultados melhores. 

As práticas da governança corporativa assumem um papel estratégico na vida de uma empresa, propondo reflexões quanto à cultura organizacional. Afinal, uma empresa não está no mercado apenas para estar ali, lucrar e desbancar a concorrência. Ela tem um papel social maior, que é gerar empregos, sustentar famílias, servir como referência em termos de organização e ser um exemplo.
 

Diferente do que muitos pensam, a governança não cria mais burocracias, mas torna processos mais claros e, principalmente, imparciais.
 

Quanto maior o índice de governança corporativa, maior a possibilidade de a empresa ser sólida. Ela fortalece o compliance, atrai investidores, valoriza a imagem e aumenta seu valor de mercado.

*Carolina Cabral é CEO da Nimbi.

 

 

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